Está chovendo.
Adoro o barulho da chuva quando estou em casa, no aconchego do meu quarto, quentinha e quietinha.
Eu pensava: Quando tenho que sair de casa e está chovendo, não gosto muito não.
Aprendi com a Mestra amada Olinda Guedes que quarto é útero materno. Lá eu me sentia segura então.
Cá fora foi uma verdadeira tempestade, um tsunami de emoções!
Minha mãe estava infeliz. Ela não estava bem e eu fiquei muito mal com isso.
Tudo foi frio, agressivo e dolorido no meu nascimento.
Molhado e frio. Barulhento e assustador.
Essas reflexões me fizeram ver que talvez os sentimentos que me vem, sejam porque na minha casa, no meu quarto, na minha cama criei uma crença limitante e ilusória de que, assim estaria mais segura, como quando estava dentro do útero da minha mãe.
A chuva lá fora me assustava, me trazia desconforto, porque era um estímulo que me remetia ao medo, ao desconforto que percebi em minha mãe desde que nasci.
Porém, já coloquei o verbo no passado aqui, pois a verdade é que sempre gostei muito de tomar chuva no verão e pisar nas poças com água barrenta.
Quando criança não podia; minha mãe ficava muito brava e me batia muito se eu fizesse.
Era minha mãe tinha medo de chuva, de relâmpago e trovoada e eu fazia o mesmo para ficar igual a ela. Quem sabe ela ficasse menos brava? Quem sabe ela me amasse?
Não deu certo. A braveza era característica dela, era seu modo de ser: atacava para se defender. Bem reptiliano, agora eu compreendo.
Eu não tenho medo de chuva não. Agora eu assumo isso de peito aberto e vou lá fora me molhar.
Depois de 10 meses estudando com Olinda Guedes, posso, nesse exato momento, compreender a primeira aula do módulo um do maravilhoso curso de Renascimento que fiz e estou novamente revendo.
Nessa aula, a amada Mestra pergunta, já no finalzinho da primeira parte, quando é que uma concepção, uma gestação, um nascimento, uma nova vida foi bem recebida, com festejos e celebração, aqui entre nós, os chamados humanos?
Estou fazendo a pergunta com minhas palavras; a Mestra é muito doce. Ela não fala assim.
Vejo agora porque foi tão difícil fazer esse curso, da primeira vez que eu assisti as aulas. Eu nem conseguia fazer os exercícios de respiração, as meditações, os renascimentos. Tinha pavor.
As violências que eu e minha mãe sofremos na minha concepção, durante todo o tempo de gestação e no meu nascimento devem ter sido muito intensas e profundas. Eu estava conectada o pânico e as dores da minha mãe.
Eu não conseguia fazer as vivências antes porque meus pais não tinham nascido para mim.
Enquanto energia, eu recebi todos os pensamentos, emoções, reações deles desde que se uniram carnalmente e me conceberam.
Eles estavam numa fase muito conturbada, com dificuldades terríveis em todas as áreas das suas vidas quando me geraram.
Não podiam celebrar. Eu sei. Eu entendo.
Contudo, eu lhes sou grata! Pude nascer, ter um corpo físico através deles. E eu queria muito viver!
Eles me deram o suficiente.
Tudo mais eu posso me dar agora.
Agora que meus pais renasceram, minha mãe nasceu em mim e para mim, posso festejar o meu próprio nascimento.
Sou capaz de dançar na chuva, admirar os trovões e os relâmpagos, as nuvens pesadas no céu e piso com força nas poças de lama e me enlameio inteira.
A lua linda e maravilhosa, a super lua rosa até saiu da nuvem para me mostrar que:
Eu Tudo posso Naquele que me Fortalece!
E agora sei responder sua pergunta, amada Mestra:
Uma vida só pode ser celebrada, festejada quando o próprio ser vivente, dono desse corpo físico, faz isso por si mesmo, sem mais julgamentos, nem expectativas.
Tudo foi e é como tem que ser. Tudo está certo como está e todos são o que tinham que ser para mim. Eu agradeço muito.
Hoje eu posso dançar sozinha na chuva, sei que é comigo que tenho que contar, pois meus queridos genitores, como humanos que foram, com suas limitações, seus temores, não estavam capacitados para me acompanhar na alegria de viver, de sentir a vida em toda a sua plenitude.
Agora eu vejo. Agora eu sei.
Meu coração transborda de felicidade, amor e gratidão.
Como é bom nascer.
Viva a vida!