Querida criança, eu vejo você!
Estou te vendo quando ainda és um feto, dentro do ventre da mamãe.
Você estava sentindo a aflição e a angústia dela, não é? Os medos, as incertezas dela e as do nosso pai. Eu sei. Agora eu vejo. Foram tempos tão difíceis, inclusive o momento de você vir ao mundo.
Tão traumáticos para a nossa mãe e para você que vocês nem conversavam entre si, tranquilamente, a respeito. Ela não queria ou não conseguia lembrar de nada que se passou nesse período e você sempre quis saber o porque das coisas, queria entender todos os seus sentimentos e percepções da época.
Cada vez que perguntava a respeito, quando começou a crescer, apanhava violentamente, porque a mamãe, devido ao medo e a culpa, repreendia a ela mesma batendo em você, temendo perder o “controle” sobre você e tudo mais, não é?
Agora eu compreendo porque eu sinto e vejo a situação toda!
Eu vejo você Marcinha!
Vejo você e faço agora para você o que você queria que sua mãe, seu pai te fizessem: conversar, rir, lembrar, explicar, cantar, brincar, dançar, trocar carinho, dar acolhimento, te embalar, cantar para você relaxar, dormir!
Não tema! Pode dormir, não precisa mais vigiar.
Estamos juntas.
Faço para você, meu amor. Sinta o meu afago em seus cabelos! Não precisa chorar mais por todos os maus tratos, pelos sentimentos de abandono, rejeição, abusos e violências!
Eu te amo muito, viu?
Sei que você me ama também e, nunca precisaremos de mais nada! Apenas uma da outra.
Você me fez adulta, você é a responsável por eu ser quem sou e ter chegado até aqui. Eu me sinto completa e forte te assumindo e te acolhendo na nossa alma.
Nunca estaremos sozinhas.
Compreendo você e você a mim!
Estaremos sempre juntas construindo o nosso aqui e agora, com o passado que vivemos aqui, com o futuro que virá, mas principalmente com a nossa atitude atual de coragem, resiliência e superação.
devemos ressignificar e integrar sempre.
Gratidão minha pequena grande alma!