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Como perdoar alguém?

Como perdoar alguém?
Isabela Falcon
jan. 2 - 17 min de leitura
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Como perdoar alguém é uma questão bastante recorrente e requer um ato de coragem. Certamente, vai além disso. O nosso corpo reage fisiologicamente a isso. Sentimos na pele o processo de perdoar alguém. Isso é algo desgastante, traumático e também conflituoso.


Resumo desta postagem

  • Por que perdoar alguém?
  • Como perdoar alguém?
  • Quando o perdão deve ser dado a você?
  • Como perdoar quando há auto culpa?
  • O perdão é uma decisão

Perdoar é tão delicado que eu até fiz um texto focado na abordagem de 5 mitos sobre o perdão no meu blog para quem quer entender mais a respeito deste momento de vulnerabilidade emocional pouco abordado da forma adequada.

Como já afirmei aqui, perdoar é traumático e quem faz pouco caso disso pode ser irresponsável. Por isso, respeito muito o processo de perdoar, porque realmente é um dos maiores desafios que podemos enfrentar nas nossas vidas.

Perdoar alguém também requer estratégia. Não é algo fácil de enfrentar de forma despretensiosa a prática do perdão. É bastante desafiador e precisa mesmo de uma linha inteligente que defina sua condição de resiliência sobre este enfrentamento emocional.

Por isso, use a sugestão de estratégia que trago aqui como uma alternativa para lhe dar suporte e ressignificação. Se essa estratégia lhe ajuda, deixe aqui seus comentários para que sejam motivação a outras pessoas.

Novamente, deixo o convite para você se aprofundar nos mitos sobre o perdão. Certamente, será uma leitura reveladora para aqueles que podem estar alimentando neste momento mitos relativos ao ato de perdoar.

Por que perdoar alguém?

Perdoar e entender que aquilo precisa ser superado por você para que aquilo não lhe chateie mais. É muito ruim ter sentimentos ruins quando se pensa sobre a situação ou sobre a pessoa.

Quando se trata de pessoas, o afastamento é natural e também saudável. Ninguém precisa entrar num processo de resistência emocional se propondo a viver as emoções que geram negatividade e trauma. Afastar-se da situação não é fuga, mas uma necessidade de sobrevivência.

Antes de tudo, não tenha medo de entender este processo. Inclusive, pode ser o ponto anterior ao início deste processo.

Antes, vale ressaltar, o ato de perdoar é seu, unicamente individual. Pode ser calçado por alguma ajuda terapêutica a prática do perdão, mas não é algo coletivo.

Pela natureza da introspecção, o ato de perdoar é de responsabilidade sua. Portanto, não se transfere este processo ao perdoado.

Perdoar não tem a ver com o reconhecimento do perdoado sobre a condição que ele provoca em você.

Certamente, com a metodologia das constelações sistêmicas, há evidentes momentos para abordagem desta prática da virtude de perdoar, mas não se exige uma acareação entre as partes, o que é fantástico.

Você pode perdoar a pessoa ou as pessoas sem dar a elas o direito de se expressarem a este respeito. Isso porque perdoar não se trata de redenção misericordiosa, mas amadurecimento emocional de direito único de quem está perdoando.

Como perdoar alguém?

Sugiro uma estratégia para você exercitar o perdão. No entanto, alerto que isso não diminui o trauma que possa ser causado, uma vez que perdoar requer coragem de enfrentamento.

1 - Reconheça que o conflito ou emoção negativa

Reconhecer isso é o caminho para aquilo que seja o objeto de sua mágoa ou a pessoa ser o motivo do ressentimento parar de lhe incomodar.

Emoções negativas são comuns quando você pensa nisso. Desta forma, reconhecer que isso faz você se sentir pior em algum aspecto pode dar a você a motivação para iniciar esse processo.

2 - Reflita como o ato de perdoar pode lhe afetar negativamente

Essa reflexão faz com que você entenda as consequências emocionais deste ato sem ainda enfrentar a situação. É como se você entendesse as reais consequências daquilo que ainda é uma ideia, um pensamento, livre da adesão necessária sobre qualquer ato de perdão a ser exercitado.

3 - Reflita sobre cada emoção presente na hora que você projeta o ato de perdoar

Geralmente, esse processo requer muita coragem. Esse é um dos momentos mais delicados e que podem fazer você mudar de ideia. É este o momento de testar sua capacidade de ser resiliente.

Pense sobre todas as emoções que você enxerga nesse momento de reflexão. Por que essas emoções estão presentes e o que elas representam como amarras para construir o ato de perdoar.

4 - O olhar observador

Projete seus atos como se você tivesse a capacidade de se observar nessa situação. É um exercício bem subjetivo que requer certa criatividade ou facilidade de imaginação. É um ótimo exercício de simulação. Se você pudesse se aconselhar, como esses conselhos poderiam lhe ajudar nessa jornada rumo ao ato de perdoar? É também um ótimo exercício de empatia. Só tome cuidado para não tentar imitar reações e escolhas que outros poderiam fazer nessa mesma situação. Lembre que o ato de perdoar é algo que precisa ser enfrentado por você. Caso ainda haja grande desafio sobre a tolerância desta situação, recue e entenda mais a respeito disso em outro momento.

5 - O corpo reage

Reconheça também as consequências físicas que hoje essa mágoa ou conflito geram em seu corpo. Depressão, falta de vontade, dores físicas, o que pode estar causando essas dores ou dificuldades emocionais? O nosso corpo sofre com os conflitos emocionais e o ato de perdoar também causa consequências fisiológicas em nosso corpo. Fique atento a essa perspectiva e entenderá mais ainda a respeito da relevância que o ato de perdoar representa em você e para você.

6 - Converse com alguém a esse respeito

Quem pode ser um mediador de total confiança e que possa lhe dar uma opinião sensata? Geralmente, terapeutas podem ajudar nesse momento. A metodologia mais eficiente que vejo é a dinâmica das Constelações Familiares, legado de Bert Hellinger. Leia mais a respeito destes processos bem fundamentados sobre mediação com a Constelação Familiar. Trago sempre esses textos para esclarecer mais a respeito de dinâmicas positivas como a Constelação Sistêmica.

7 - Inspire-se em exemplos

É muito bom ter estímulos inspiracionais para enfrentar situações de grande desgaste emocional. O ato de perdoar pode ser um momento que requer inspiração. Leituras são bem vindas também. Você pode buscar também filmografia para se inspirar. Há também biografias ricas como a história de Nelson Mandela, injustiçado tanto tempo no cárcere sem pensar no enfrentamento por parte da violência diante situação tão delicada como sua prisão. Inspire-se em exemplos para lhe fortalecer.

8 - O que é necessário para enfrentar a situação

Deixe claro se há necessidade de acareação ou enfrentamento com a pessoa a ser perdoada. Lembre que isso não significa pedir algo em troca ao outro para dar seu perdão. Não se trata disso. O ato de perdoar não é uma premiação ou moeda de negociação. O perdão é uma virtude individual e de responsabilidade sua.

Certamente, também não é uma virtude a ser transferida. Sempre é bom lembrar que o ato de perdoar é um processo de ressignificação que terá impactos bastante profundos em você.

Nesta perspectiva, há necessidade ou desejo por você de encontrar a pessoa perdoada e esclarecer este aspecto com ela? Tudo isso precisa estar sempre claro para você porque o controle desta situação precisa estar com você.

9 - Esteja sempre no controle

Valorize o controle da situação na hora de comunicar o perdão para a pessoa. Caso seja seu desejo, encontrar a pessoa para lhe conceber o perdão pode ser um processo bastante forte de emoção. Lembre de contabilizar esse momento também na hora em que estiver refletindo no início desta jornada. Novamente, não queira pedir nada em troca e esteja à vontade para interromper a situação no momento que se sentir desconfortável emocionalmente.

10 - O que você quer com o perdão

O confronto com a pessoa a ser perdoada precisa estar de acordo com suas expectativas. Se a pessoa do outro lado quiser enfrentar a situação de forma hostil, não entre nesse jogo de poder.

Recue e conserve sua integridade mental. O enfrentamento precisa ser fundamentado num relacionamento positivo. Caso não seja possível isso, nem comece o papo. Há como perdoar pessoas sem elas serem confrontadas por você.

11 - Será que isso é um debate?

Só entre em debate com o outro lado se você estiver consciente de que isso possa acontecer e fazer parte de seu processo de resiliência. Neste aspecto, escute o outro lado sem a preocupação de revidar na mesma temperatura. Discussões nunca são o caminho para você exercitar o ato de perdoar. Inclusive, elas podem barrar a continuidade de algo que pode ser gratificante ao final do processo.

12 - Esclareça para a pessoa como você se sentiu

Deixe claro aquilo que foi motivo da mágoa e não espere que ela tenha compaixão pela sua dor. Lembre que esse processo diz respeito a você. Assim, seja tolerante também com as reações da pessoa confrontada. Ela pode não estar no mesmo momento que você está.

13 - Não se trata de amizade

Deixe claro que o perdão não é um passe de liberdade para se estabelecer relacionamentos íntimos. Não se trata de reatar amizades ou relacionamentos no momento que há o perdão. Você precisa também refletir sobre o que você quer a partir do perdão dado para a pessoa em confronto. Estabeleça aquilo que você quer como relacionamento ou o grau de afastamento que você deseja nesse processo. Isso é importante para você lidar com as consequências após o ato de perdoar.

14 - Não se esquece nada depois do perdão

Conviva com o perdão não se permitindo enfraquecer sua perspectiva positiva sobre a situação. É natural e envolvente se entregar aos sentimentos negativos que aquele conflito pode causar. Afinal de contas, perdoar não significa esquecer. Por isso, tenha consciência que o perdão é um processo diário. Ele é contínuo, mesmo com a pessoa afastada.

15 - Confie no tempo

O perdão faz você se sentir mais leve. Com o passar do tempo, essa sensação fortalece e você consegue sentir os efeitos positivos do seu perdão. Porque isso é muito mais importante para você do que para as pessoas perdoadas. Dê tempo ao tempo e confie nesse remédio para si.

O tempo pode não curar as feridas emocionais, mas ele faz você ter experiências mais maduras e compreender como você pode criar proteções emocionais para não se afetar com tanto dano sobre a situação ou a pessoa.

Quando o perdão deve ser dado a você?

Tal como um exercício de Machado de Assis na narrativa de Memórias Póstumas de Brás Cubas, a linguagem metalinguística atinge você quando se trata de praticar o perdão para si.

O auto perdão também é um processo pessoal, individual e extremamente importante para superação de dificuldades profundas no ser humano. O auto perdão pode representar um amadurecimento bem mais profundo e desafiador.

Como você pode fugir de questões ou sentimento de culpa ao qual está atribuindo? Essa perspectiva é bem complicada e difícil de detectar.

Há pessoas que passam uma vida se culpando por algo sem entender os aspectos gerados a partir disso. A culpa em si pode parecer até mais fácil de lidar, mas o efeito representa um ponto de conflito muito mais profundo.

A auto culpa pode ser o motivo de muitas pessoas adoecerem por depressão e não compreender sequer aquilo que possa estar acontecendo.

Como perdoar quando há auto culpa?

1 - O que pode estar errado

Identifique algo que possa ser de responsabilidade sua quando se sentir ruim, emocionalmente.

Isso que você está sentindo de forma negativa tem a ver com alguma coisa provocada por você?

Reflita sobre seus sentimentos e como eles começam a aparecer.

Caso você se sinta responsável por algum sentimento, principalmente, depois de enfrentar algo que não lhe dê tanto orgulho de sentir, coloque isso em atenção.

2 - Não se julgue quando estiver sentindo algo negativo

A falta de orgulho e a falta de autoestima pode também ser pistas para identificar sentimentos de auto culpa. O importante é entender que não se trata de uma pessoa má.

Aliás, reflita sobre a sua condição de julgamento. Quem pode ser mais tendencioso a um juízo de valor a seu respeito do que você?

Não concorda?

Você como julgador está envolvido demais na situação. Não é seu papel julgar a si.

Cabe a você refletir a respeito de suas ações, atitudes, emoções. Cabe a você entender como isso lhe gerar aprendizado.

3 - Não tenha medo de recomeçar

A ressignificação pode ser uma grande alternativa para você não ser castigado por si. Lembre que todos somos falíveis em algum momento e precisamos lidar com essas falhas.

O recomeço é uma forma de compreender como melhorar suas expectativas sobre os resultados que imagina ser pertinente.

4 - Aceite que nem tudo está no seu controle

Quando percebemos que nem tudo é de nossa responsabilidade ou está no nosso alcance, parece que também deixamos de sentir uma enorme pressão sobre nossa condição de vida.

Aliás, faz parte da ressignificação de vida compreender que nossas escolhas são aquelas que estão ao nosso alcance. Por isso, pegue mais leve consigo.

5 - Procure a ajuda de um interventor de confiança

Um terapeuta é a melhor escolha porque ele pode usar técnicas bastante eficientes e dar caminhos de reflexão bem motivacionais.

Não é fácil ter este enfrentamento, quando você tem um terapeuta como mediador, pode ter mais eficiência para enfrentar situações delicadas, complicadas ou obscuras para si.

As noites escuras da alma são mais clarificadas com estratégias de intervenção terapêutica baseadas nas constelações familiares.

Leia mais a respeito disso e compreenda como o legado de Bert Hellinger pode ser uma enorme revelação para a sua ressignificação de vida.

O perdão é também uma decisão

Decidir sobre o ato de perdoar é uma tarefa também desafiadora e pode representar o pontapé para iniciar tal processo. Isso se trata de amadurecimento e de resiliência.

Por isso, trata-se também de exercer a coragem. E neste aspecto, devo convidar você a ler sobre outro texto meu aqui na comunidade Saber Sistêmico, ou seja, Constelar requer coragem.

Perdoar é compreender que aquilo não lhe afeta mais de forma negativa ao ponto de representar uma espécie de violência. Deve-se entender que isso está diretamente associado ao seu processo emocional.

Perdoar é compreender aquilo a ser perdoado como algo que não lhe cause mais o dano causado outrora. Perdoar também não é sobre ato misericordioso ou processo coletivo, porque quem lida com as consequências é exatamente quem está perdoando.

Como disse no texto 5 mitos sobre o perdão, perdoar não é esquecer, mas entender que aquilo gera ressignificação. Nesta perspectiva, perdoar não pode representar um processo mecânico, mas um ato contínuo, e em certa medida, permanente.

Certamente, perdoar é uma decisão particular, porque ela lhe dará as consequências que você deverá lidar e não outra pessoa. Porque perdoar é exercitar uma virtude impossível de ser transferida aos outros. Ela é singular e introspectiva.

Mas, perdoar é um ato de amadurecimento sobre aquilo que você encara como vida, como propósito e como legado.

Decida sobre o perdão a ser dado por você para alguém sem interferências expositivas e impositivas.

Obviamente, você pode ter ajuda de outra pessoa. Certamente, um terapeuta pode ser de grande valia nesse processo, mas ele será apenas um facilitador, porque o ato é exclusivamente seu.

Por isso, decida no momento que você se sentir forte para enfrentar as consequências deste ato nobre, desafiador e gerador de um aprendizado profundo.

Se você se sentiu mais forte ao ler sobre esse conteúdo, peço para que use os botões aqui e divulgue este texto para auxiliar outras pessoas.

Tenho certeza que esse texto será um fortalecimento para quem esteja passando por este momento.

Até breve.


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