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Depressão – O Vazio Existencial – Quando o Sentir Dói – Noite Profunda da Alma

Depressão – O Vazio Existencial – Quando o Sentir Dói – Noite Profunda da Alma
Márcia Regina Valderamos
nov. 9 - 15 min de leitura
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O vazio existencial é terrível!

Hoje estou me sentido como num buraco sem fundo, num precipício! É dia de finados e eu nunca participei das celebrações... depois da sugestão da nossa amada Mestra de visitar o cemitério e depositar flores nos túmulos, mesmo de quem não conhecemos, e de coração dizer-lhes: “Foi o suficiente, descansem em paz!”, o desassossego tomou conta do meu ser.

Mesmo sem ter conseguido ir fisicamente me vejo entrando em um cemitério e falando essa frase, colocando flores nos túmulos. Fico estranha, triste, pesada, melancólica. Estou em processo de cura e tudo me toca, tudo me afeta profundamente. Aliás, sempre fui assim. Devo estar a serviço de algo muito grande para o meu sistema pelo que estou aprendendo aqui.

Venho de uma família disfuncional e luto para sair dessa inadequação há anos. Está cada vez mais complicado. A amada Mestra tem toda a razão quando ensina que quanto mais profundo o trauma, as memórias do campo de dor, maior o sofrimento, maior tem que ser o esforço para se obter a transformação resultante do mesmo, a ressignificação de tudo.

Sinto isso! É uma luta de titãs internos! Muitos conflitos.

Tento fazer os exercícios de renascimento, relaxamento, meditação, agradar a minha criança interior, ler, edificar minha intenções, sensações e sentimentos e os pensamentos produzem sensações contrárias e desagradáveis. A busca por propósito de vida é difícil e eu entendo porque muitos não querem nem iniciar esse processo, muito menos falar sobre isso.

Os que se dizem amigos, pessoas que me querem bem, se afastam. Percebo que não querem me ouvir falar de meus sentimentos negativos, meus pensamentos autodestrutivos, minha desesperança. Só aqui eu consigo desabafar. Eu estudo, trabalho, cumpro minhas obrigações, dou risadas, tenho até algum ânimo para fazer algumas coisas como escrever aqui, fazer poesias, cumprimentar as pessoas, então, as pessoas acham que estou bem. Eu também.

Afinal, tenho saúde, marido, vivo em paz numa chácara, lugar lindo, calmo, tranquilo. Sou aposentada e, apesar de não ser rica, tenho condições de ter o necessário e fazer o que mais amo: estudar, ler. Sou perfeita de raciocínio e meus órgãos funcionam bem. Meu pai ficou cego aos 58 anos, então eu sei o valor de poder ver tudo o que vejo com perfeição e dou Graças a Deus!

Por tudo isso, as pessoas acham que eu não tenho motivos para estar doente, aliás, eu concordo com elas até certo ponto. Penso muito no que a Susy diz e a minha vó Dora falava: “Deus te fez perfeita para ser feliz. Ele te quer em paz e feliz.” Concordo também e agradeço à Deus mas peço perdão a todos, principalmente a Ele, porque eu não me sinto feliz.

Não me sinto merecedora de felicidade, mas culpada por não ser saudável emocionalmente, funcional, equilibrada.

O que sou, no momento, é uma pessoa sem dinheiro para fazer terapias caras e sem condições de continuar na minha caminhada como psicóloga junguiana, pois parei com tudo, com meus atendimentos por não me achar honesta em tratar pessoas já que estou tão doente e não consigo fazer o que digo a elas para fazerem consigo.

Estou numa época da vida em que o mais importante é o ser e quero muito me cuidar e sarar. Fazia psicoterapia convencional há anos e parei também. A Mestra já explicou que sozinha não é possível. Busquei alguém. Iniciei o processo. Fiz uma sessão e estou tentando fazer os exercícios sistêmicos propostos. Sei que é lento.

Quero ter esperança. Me abro para o Universo, mesmo que seja “meia boca”, quase sem acreditar, porque não quero ser vencida por essa depressão.

O que mais acredito é que, além de Deus que está, para mim, acima de tudo, o conhecimento, a consciência do que é, pode nos libertar. Somente por aí, como ensina o Jesus Cristo e a Olinda Guedes valida, é que acharemos a saída do labirinto.

Sigo tentando.

Li e reli o excelente livro “O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão” de Andrew Solomon (Editora Companhia das Letras – 3ª Reimpressão 2014). Coloquei aqui a capa dele e dois trechos que estão logo no início. Nesse livro fabuloso o autor explica cientificamente a depressão, como eu já tinha pesquisado em outras obras.

Mas aqui ele é muito claro e direto. Ele fala de como a depressão afeta a saúde integral do indivíduo, suas relações, a sua espiritualidade.

Junta suas experiências pessoais com essa doença e fala sobre a necessidade do suicídio, de eutanásia, para algumas pessoas, bem como do respeito que temos que ter com esses seres, inclusive relatando sobre o caso de sua mãe e de pessoas muito próximas que passaram por essa situação trágica. Ele tem consciência de como nós, os depressivos, nos sentimos um peso para os demais.

Eu mesma não me suicido porque não tenho coragem de ir contra o que acho que Deus quer de mim. Mas, é difícil as pessoas em geral entenderem a gravidade de tudo isso e a impotência da gente diante desse turbilhão de energias negativas. Meu marido, por exemplo, que me conhece desde os meus nove anos de idade e vive comigo há 33 anos, apesar de eu tentar lhe explicar como me sinto, não faz ideia do que se passa comigo!

Percebo por suas palavras e atitudes que ele me considera forte e capaz de superar esses obstáculos que eu mesma me obrigo a ter. Eu não acredito nisso o tempo todo. Têm momentos que penso que realmente não devia ter nascido e, já que nasci, devia ter mais coragem para por um fim nessa agonia. Estou consciente agora, com o estudo da teoria sistêmica, que isso é em decorrência da minha concepção, do meu nascimento e que preciso modificar essas memórias que me travam. Ainda não consegui, mas chego lá.

Assisti uma vez a um filme chamado Melancolia. A personagem principal, como eu, é filha de pais disfuncionais, tem uma irmã que sofre da mesma tristeza de viver que ela mas que racionaliza e sublima o tempo todo, e todos evitam entrar em contato com esse estado de vazio existencial que aparentemente todos na família tem, como ela.

Lembra muito minha família.

O meu irmão também age assim e minha mãe enquanto estava viva, também agia assim. Meu pai bebia bastante para sair do concreto, da vida, não entrar em confronto, mas quando confrontava, era estando bêbado e com agressividade. Fora isso, mal falava quando estava em casa. Minha mãe só reclamava, batia e gritava. Era briga o tempo todo.

Eles, ao contrário de mim, se afastavam do que não entendiam. Meu irmão, único ainda vivo, ainda faz isso. Evita encontrar pessoalmente comigo, mal fala comigo ao telefone, a não ser para pregar a Palavra de Deus, sem saber, me fazendo sentir mais culpada sei lá de que! Até a nossa adolescência éramos tão amigos. Ele nem imagina o quanto sinto sua falta. Pensa que, mesmo eu lhe dizendo que preciso dele, sou independente e capaz! Mal sabe ele.

Ele tem também lá seus problemas em consequências do que vivemos na nossa família, além de estar também à serviço. Eu compreendo. Eu sei porque sempre soube e sofro muito por isso: Eles temem e se resguardam do que não conseguem ter controle.

Ilusão! Do que temos controle de verdade nessa vida? Eu me exponho.

Quero enfrentar e entender. Sempre foi assim. Eu conheço tanta gente que tem essa doença e que a evita e eu fico querendo entende-la, compreender porque e querendo sarar disso. Porque não deixo as coisas correrem e vou tocando como os demais, me pergunto? Desde que nasci tem sido assim. O que tenho que ver? Quem não foi incluído? Será que a minha mãe não foi por mim tomada como se deve? Mas já fiz tanta coisa!

Percebo que quero estar com pessoas, não ficar tão sozinha como fico, quero conversar, desabafar, ouvir, quero o toque, quero que me ouçam, que me olhem, mas também evito tudo isso. Quero carinho e evito, me escondo. Parece que estou parada em algum tempo. Preciso descobrir que tempo é esse. Quem é que está parada aí e o que posso fazer para ajudar a mover-se, desbloquear, fluir, para todos nós ficarmos bem, sararmos, completarmos, repararmos, sei lá, o que for preciso para essas carência, esse vazio acabar!

Quero descobrir tudo isso. As constelações e o pensamento sistêmico me trouxeram esperanças. Espero realmente que com os Florais de Bach e o atendimento do Rodrigo, renascedor indicado pela Mestra, agora eu consiga isso. Nem respirar direito eu consigo nas meditações!

Em uma das aulas de renascimento a Mestra propôs fazermos um exercício sistêmico de estarmos num templo lindo recebendo os nossos amados, incluindo mesmo os não nascidos ou os que já haviam partido, e eu, antes do dia de finados, bem antes, tentei visualizar um lindo templo e vi um lugar lindo, mas com túmulos, muitos túmulos.

Tentei, lutei e consegui sentir que meus pais, minha sobrinha e todos do meu sistema já falecidos estivessem fora dos túmulos para que eu pudesse abraça-los. Queria ver minhas irmãs, a mais velha e a minha gemelar, não nascidas, abraça-las, senti-las. Queria sentir e ver meu irmão, cunhada, sobrinha e marido vivos e abraça-los e não consegui.

Só via a minha sobrinha falecida, o seu sorriso e os túmulos. Continuei tentando e aí vi todos, mas estavam de costas para mim. Tentei abraçar minha sobrinha falecida e ela só sorria... nesse momento, todos viraram suas cabeças e me olharam. Eles me viram e eu fiquei mais em paz, porém, desejosa de ter o abraço, o afago de todos.

Pensei: “Quem precisa ser visto? Quem quer esse acolhimento, esse carinho? Quem?" Nenhuma resposta, ainda. Tudo, como sempre tem sido muito intenso, trabalhoso e, quando terminei estava exausta e angustiada. Relaxar está difícil! Beijo e abraço minha criança interior.

Nesse reencontro deposito a confiança de melhorar.

O titulo do livro que citei e os meus sentimentos nesse processo me remetem a esse salmo da Bíblia, o qual a Susy já se referiu e cantou muitas vezes e eu amo. Ele trata a minha alma, cura minhas feridas e me cuida, por misericórdia e bondade divina. Amém, Senhor!

Bíblia Sagrada

Versão 1

  1. O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.
  2. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente à águas tranquilas.
  3. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do Seu nome.
  4. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque Tú estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
  5. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
  6. Certamente que a bondade e a misericórdia divina me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.

Versão 2 (Tradução do Novo Mundo)

Jeová é o meu Pastor.

Nada me faltará.

Ele me faz deitar em verdes pastagens

E me conduz a lugares de descanso bem regados.

Ele me reanima.

Guia-me nos caminhos da justiça por causa do seu nome.

Ainda que eu ande pelo vale de densas trevas,

Não temerei mal algum,

Porque tu estás comigo;

Tua vara e teu cajado me dão segurança.

Preparas uma mesa para mim diante dos meus inimigos.

Refrigeras a minha cabeça com óleo;

Meu cálice está bem cheio.

Certamente, a bondade e o amor leal me seguirão todos os dias da minha vida,

E eu morarei na casa de Jeová todos os meus dias.

Versão 3

O Senhor é meu pastor: nada me faltará.

O Senhor é meu pastor nada me falta, leva-me a descansar em verdes prados, conduz-me às águas refrescantes e reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.

Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos, nada temerei, porque Vós estais comigo:

O Vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.

Para mim preparais a mesa à vista dos meus adversários;

Com óleo me perfumais a cabeça, e o meu cálice transborda.

A bondade e a graça hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida,

E habitarei na casa do Senhor para todo o sempre.

Liturgia judaica

tehillim.(salmo de Davi.) Adonai é meu pastor e nada me faltará. Ele me repousará em campinas verdejantes e me introduzirá as águas calmas. Tranquiliza a alma; - Guia-me; em caminhos retos e de justiça por amor de Seu Nome. Ainda que atravesse vales de escuridão, da morte, não recearei mal nenhum, porque Tu estarás comigo. Tua vara e teu cajado serão de escudo. Diante de mim preparará uma mesa de delícias na frente dos meus inimigos. Ungir-me-á com óleo de unção a minha cabeça e o meu cálice transbordará de fartura. Unicamente a felicidade e a misericórdia seguir-me-ão durante a minha vida. E o meu habitar será por longos dias na mansão do Eterno.

Hebraico - Transliterado

מזמור לדוד יי רעי לא אחסר: בנאות דשא

Mizmor ledavid, hashem roi lo echsar. Binot deshê

ירביצני על מי מנחות ינהלני: נפשי ישובב ינחני

iarbitseni, al-mê menuchot ienahaleni. Nafshí ieshovev iancheni

במעגלי צדק למען שמו: גם כי אלך בגיא צלמות

bema´guelê tsedec lema´an shemô, gam qui elêch begue tsalmavet

לא אירא רע כי אתה עמדי, שבטך ומשענתך המה

lo-irá rá´qui atá imadi, shivtêcha umishiantêcha hemá

ינחמוני: תערך לפני שלחן נגד צוררי, דשנת בשמן

ienachamuni. Taarôch lefanai shulchan negued tsorerai, dishanta vashemen

ראשי כוסי רויה: אך טוב וחסד ירדפוני כל ימי

roshi coci revaiá. aj tov vachesed irdefuni col iemê

חיי, ושבתי בבית יי לארך ימים:

chaiai, veshavti bevêt hashem leorech iamim.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Salmo_23

TRECHOS DO LIVRO CITADO


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