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Epilepsia ou convulsão, impulsividade recalcada

Epilepsia ou convulsão, impulsividade recalcada
Débora Carvalho
mar. 15 - 11 min de leitura
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Durante a história, supunha-se que as pessoas epiléticas eram portadoras de poderes especiais ou estavam possuídas. Mesmo assim, importantes figuras históricas conviveram com a epilepsia, tais como: Júlio César, Van Gogh, Napoleão etc... e mostraram que os epiléticos podem oferecer imensas contribuições à sociedade.

As convulsões são contrações violentas e involuntárias de um grupo de músculos. Raramente ocorrem isoladas, em geral são sintomas da epilepsia. Os fatores metafísicos aplicam-se a ambos os casos. A epilepsia é um distúrbio neurológico crônico, caracterizado por ataques curtos de convulsões, que voltam a se repetir com a mesma intensidade e sem serem provocadas. Os ataques, denominados crises epiléticas, começam com descargas anormais e irregulares de eletricidade, geradas por milhões de neurônios no cérebro.

As causas orgânicas das convulsões variam entre primárias, que são de natureza desconhecida (atribui-se à predisposição genética ou bioquímica); intracranianas, provocadas por tumores, alterações vasculares e traumas (fraturas cranianas), infecções etc.; extracranianas, de origem metabólica, bioquímica, ingestão de medicamentos, abstinência de drogas ou álcool, etc. No aspecto metafísico, o epilético possui grande força realizadora, suas potencialidades são maiores que suas habilidades. Para entender melhor o sentido aqui empregado a esses termos, esclarece-se que os potenciais são inatos, não dependem de desenvolvimento, nascemos com eles e o que está vinculado ao desenvolvimento são as habilidades adquiridas por meio das experiências. Tornamo-nos hábeis quando conseguimos organizar as faculdades interiores, viabilizando os meios necessários para a execução dos nossos potenciais latentes.

No processo de desenvolvimento a pessoa se envolve com as situações existenciais e aproveita as chances que o meio oferece para realizar seus objetivos. Oportunidades são encaradas como possibilidades de execução dos nossos desejos. De certa forma, as coisas não vêm prontas, nós a adequamos aos nossos interesses. Conquistamos com a nossa expressão, um espaço no meio e certos privilégios, porém, a conquista mais valiosa é a habilidade adquirida com a experiência, pois essa perdura para sempre e nos permite repetir tantas outras vezes as mesmas conquistas.

Pode-se dizer que ter habilidade é ser livre e independente. É ter capacidade de enfrentar as adversidades da vida, recorrendo aos próprios recursos, sem depender dos outros. A independência evita o apego e fortalece a autoestima. A liberdade favorece o aprimoramento interior e evita os processos depressivos. Assim sendo, ser hábil é uma grande conquista existencial. Para conquistar a habilidade, devemos aproveitar as oportunidades e não esperar as condições ideais. O ideal não pode ser nosso ponto de partida num projeto de vida. Aquilo que seria ideal para fazer o que pretendemos é conquistado depois de muita interação com a realidade, manifestando o nosso potencial.

Transformamos as ocasiões oportunas em situações totalmente adequadas àquilo que desejamos realizar. Portanto, aceitar as oportunidades que a vida oferece é despojar-se dos critérios que restringem a execução dos nossos talentos. Obviamente, seria ideal ter todas as condições para dar início, por exemplo, a uma atividade profissional. No entanto, quando isso não acontece é preciso ser maleável e criativo para improvisar, com os recursos disponíveis e assim dar início a uma trajetória, na direção dos nossos ideais. Assim, transformamos as possibilidades reais em situações adequadas. Pode-se dizer que o ideal passa a existir após a nossa atuação. O ser humano possui uma espécie de capacidade alquímica de transformar possibilidades em condições oportunas. Nossa trajetória de vida tem um perfil semelhante.

Nascemos num meio familiar em que praticamente não existia um espaço definido para nós. Ao longo do desenvolvimento, fomos definindo esses espaços, conquistando uma referência no seio familiar. Tão logo crescemos, precisamos nos inserir na sociedade, onde também não existe um espaço próprio. Preparamo-nos com os estudos, especializamo-nos, vamos dando alguns passos na carreira até alcançar o que galgamos. O mesmo ocorre com as nossas relações sociais e afetivas. Conquistamos as amizades, despertamos profundos sentimentos por determinadas pessoas que sequer conhecemos. Movidos pelo sentimento de amor, por exemplo, aproximamo-nos, estabelecendo relacionamentos. Uma amizade, por exemplo, faz-se com a manifestação de qualidades. Não existe consanguinidade entre amigos; é uma questão de conquista, que se dá por meio de atributos de ambas as partes, promovendo o companheirismo que acrescenta um ao outro. A essa altura, você deve estar se perguntando: "Qual a relação dessa explanação com a epilepsia?", haja vista tratar-se de uma condição que envolve a experiência de vida de cada um de nós, não somente daqueles que sofrem de epilepsia. Para alguém ser bem-sucedido nos processos existenciais, requer-se organização interior. Somente assim, consegue-se viabilizar a expressão dos conteúdos internos no meio externo. Essa qualidade é deficitária nas pessoas que sofrem de epilepsia. Os potenciais são comprometidos pela falta de elaboração interna. Conquistar a habilidade de organizar sua própria expressão representa um dos principais desafios a ser superado. Tornar- se bem-sucedido nessa condição permitirá que os seus talentos ecoem no ambiente, acrescentando os seus valores positivos, que beneficiarão a si mesmo, e também aqueles que o cercam, como fizeram alguns dos grandes personagens epiléticos da história.

Antes de qualquer ação, a pessoa precisa organizar os pensamentos para elaborar planos, que produzem ondas cerebrais, transmitindo sinais estimuladores ou inibidores para a musculatura. Consequentemente, fluem os movimentos compatíveis àquilo que se planejou. Essa ordem funcional é alterada nas pessoas epiléticas. Pode-se dizer que o maior problema delas está na condição interna de se organizarem para as ações. Seus impulsos permanecem reprimidos, gerando uma série de conflitos mentais. Geralmente a sua força manifestadora encontra resistência por parte de alguém ou de alguma situação que se opõe aos seus intentos. Por um lado, pensam na importância de fazer o que têm vontade e o quanto o seu gesto beneficiaria o meio; por outro, revoltam-se com a oposição encontrada, desestimulando-se de interagir. Muitas vezes basta um pequeno detalhe ou apenas uma frase das pessoas em volta para causar um grande aborrecimento. Mediante isso, agem como se estivessem diante de um grande obstáculo, praticamente impossível de ser transposto.

Sentindo- se tolhidas, provocam uma grande turbulência na instância mental, afetando suas emoções. Essa confusão interior afeta a química do cérebro, intensificando os sinais nervosos que exacerbam a musculatura, provocando as crises convulsivas. No instante da crise surge um alvoroço na mente, seguido por um turbilhão de impulsos desenfreados, que se compara à sensação de "freio de mão puxado", contendo toda essa fúria interior. Tal sensação, talvez, compara-se a um vulcão em ebulição ou mesmo a uma manada de animais cercada num curral, prestes a estourar. Situações dessas equivalências aproximam-se bastante do universo emocional de uma convulsão. As crises convulsivas surgem como uma maneira violenta de descarregar essas pressões geradas pelas emoções reprimidas. O epilético se sente impossibilitado de se expressar. Para ele, ninguém considera suas opiniões, tampouco respeitam suas vontades, sequer esperam sua vez de se pronunciar. Ele fica sem ação diante das pessoas que o rodeiam. Geralmente reclama por ser boicotado e não receber as chances que merece. É comum, porém, ele mesmo se boicotar. Quando surge alguma oportunidade para realizar algo de que gosta, perde a chance, priorizando qualquer outra situação, mas não se permite realizar os seus desejos. Para ele não existem momentos oportunos, ao contrário, nunca é possível realizar seus intentos. Queixa-se dos outros, quando o maior problema consiste na sua própria dificuldade em relação ao meio. Pode ser até que as pessoas em volta não tenham sensibilidade para favorecer o seu desempenho, mas são as suas dificuldades de elaboração mental que acentuam a oposição dos outros. As pessoas que sofrem de epilepsia têm certa necessidade de serem ouvidas, de se destacarem perante os outros ou até dominá-los por meio de processos de manipulação. Essa é uma maneira de compensar a falta de auto- domínio. E também de buscarem uma posição diferenciada no grupo, alimentando sua personalidade dominadora, para minimizarem o desconforto da falta de poder sobre si mesmas.

Assim sendo, não viva em busca de incentivos dos outros para realizar suas próprias vontades. Procure, você mesmo, proporcionar as chances necessárias para a viabilização de sua expressão. Saiba respeitar os próprios limites. Dê valor àquilo que você está pretendendo fazer, não espere que os outros valorizem ou o motivem; faça a sua parte, independentemente dos resultados; o simples fato de realizar, promove uma sensação de competência e bem- estar. Procure ser compreensivo com os outros, para não retribuir a eles aquilo que você julga estar recebendo deles.

Além disso, ficar indignado com alguém desvia a atenção do foco do problema, que é interno e não externo. Dedique-se a aprimorar a maneira de lidar com o processo interior, pois isso favorece o desenvolvimento da habilidade de expressão no meio exterior. Para conquistar a estabilidade emocional, observe a si mesmo, perceba a vertente dos desejos. Pense nos meios disponíveis e nas oportunidades que a vida oferece. Depois, realce os seus próprios recursos, tais como: o seu histórico de vida, os momentos que você foi bem-sucedido, e por fim o direito que lhe assiste de executar suas vontades. Acredite, você merece ser feliz. Para tanto, dedique-se ao que lhe apraz, saiba esperar o melhor momento, mobilize seus recursos interiores.

Use sua perspicácia, não para encontrar nas pessoas os pontos contrários a sua manifestação, mas sim para descobrir o melhor momento de realizar seus objetivos. Desse modo você estará construindo uma condição interna favorável à de vertente dos potenciais. Por meio dessa prática, conquistará habilidade para manifestação do seu ser, com todos os atributos latentes na alma. Algumas crises convulsivas podem ocorrer num jovem que tenha muita energia, criatividade e impulsividade. Num dado momento da vida, em que ele se sente desprovido dos meios para verter seus potenciais ele pode precipitar as convulsões. Mais do que ter muitas oportunidades, esse jovem precisa aprender a se organizar por si mesmo, expor-se com naturalidade, mantendo a fluidez, que não depende exclusivamente das condições externas, mas também da harmonia interior, que garante bom fluxo existencial, superando os obstáculos impostos pela realidade. Os desafios fortalecem os potenciais, aprimorando as habilidades.

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Constelação Familiar Sistêmica
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