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EXERCÍCIO SISTÊMICO

EXERCÍCIO SISTÊMICO
Márcia Regina Valderamos
dez. 28 - 4 min de leitura
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CARTA AO MEU PAPAI E AVÔS CRIANÇAS - ÀS FIGURAS MASCULINAS DO MEU SISTEMA

Papai amado!

Saudades querido! Como é bom te ver nessas meditações!

Tenho te reencontrado muito nesses últimos meses! Como é bom ter você aqui comigo. Pai, hoje te vi menino e vi seu pai, o pai da mamãe e todos os pais deles, crianças, meninos, lindos! Uns bonitos demais, mas nenhum mais do que você, minha luz!

Outros nem tanto.

Tanto do teu lado quanto do lado da mãe vi meninos de todos os tamanhos, muitos descalços, enlameados em meio a mato, neve... muita neve. Chuva fininha, frio demais! Alguns doentes, com feridas. Todos com roupas brancas sujas de lama e bem desgastadas. Alguns com boinas e outros com bonés, rasgados e sujos.

Outros com os cabelos compridos, sujos, embaraçados sem nada na cabeça. Uns corriam quase nus por entre o que parecia floresta.

Os de branco, descalços, trabalhavam no campo. E os menores carregavam muito peso para os corpinhos deles. Caiam e levantavam chorando, com dor. Os maiores eram tristes, melancólicos e fumavam. Vi que muitos bebiam algo de uma garrafa suja. Também carregavam pesos e usavam enxadas e as batiam no chão, como que capinando.

Todos tinham um olhar perdido, desconfiado e malicioso. Os menores choravam muito, vi muita dor. Não havia ninguém mais velho para socorrê-los! Fiquei arrasada!

Vi também outros meninos, poucos mesmo, bem vestidos, de sapatos, de terninhos pretos, calças compridas, camisas e meias brancas, de suspensórios e boinas pretas. Eles tinham uma pasta preta nas mãos e pareciam estar em direção à escola. Alguma coisa grande, brilhante, caiu no caminho deles e pegou fogo.

Era uma bomba. Muitos morreram na hora. Outros ficaram sem perna, sem braço, cegos.

Tinha tanto grito de dor e choro que fiquei aterrorizada. Não via adultos por perto.

Dor, muita dor! Solidão, pânico!

Paizinho, entendi porque tanta orfandade, escassez, abandono, solidão, rejeição, deficiência, loucura, violência e desamor nos nossos sistemas. Paizinho, você viu? Eu ajoelhei diante de todos, disse bem alto o quanto sinto, pedi perdão por tanto julgamento que fiz, o tanto que me arrependo. Disse o quanto os amo e o quanto lhes sou grata por terem resistido, terem sobrevivido e possibilitado a vida chegar até mim através de ti.

Me perdoe pai.

Agora eu sei! Entendo porque você não conseguiu demonstrar seu amor de graça para mim e porque você e meus avôs bebiam tanto e quase não conviviam conosco. Os avôs não conviviam nunca. A tragédia e os traumas foram terríveis! As dores de alma são profundas.

Vocês não tiveram infância e nem o amor de graça dos pais, a proteção deles. Os adultos estavam ausentes como você foi para mim, pai, mesmo fisicamente estando. Não recebeu, não podia doar.

Eu vejo vocês papai e vovôs!

O masculino chora até hoje no nosso sistema, a seu modo, silenciosamente e sendo dependente do álcool, para afastar a desolação, o frio do abandono e a dor física e emocional. 

Trabalharei para curar todos vocês em mim, pai, vamos nos libertar. Você e todos eles podem ficar em paz aí no céu e eu vou seguir minha missão aqui. A Mestra Olinda deixou claro porque eu não consegui ser mãe. É que mesmo achando que queria muito, eu não consegui e me fiz infértil nessa vida: eu queria inconscientemente que toda essa dor, essa orfandade, esses segredos terríveis acabassem aqui, em mim.

Agora sei que não é assim, buscarei reparar isso.

Seguiremos em boas ações que te prometo fazer em honra e por respeito a mim e a todos vocês, meu pai, meus homens amados e sofridos. Vocês são sim fundamentais para mim e em mim! Perdão! Eu preciso de vocês e, no meu coração, levarei-os para sempre!

Agora não precisamos mais desse sofrimento. Acabou! Podemos ser felizes e prósperos em mim. 

Amo você pai, amo vocês todos!

Gratidão.

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IMERSÃO - 07/12/20 -


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