Eu não sei qual era minha idade, me lembro de estar em pé, num berço amarelo, lembro de estar olhando numa janela aberta para o lado de fora, vendo minha mãe lavando roupa no tanque. Eu devia ser muito novinha, pois sentia que fazia xixi e algo ficava muito molhado no meio de minhas pernas.
Olhava para baixo e via a fralda de pano, grudada no meu corpo com o cheiro de urina em mim e o quentinho do xixi nos meus pés, aquele plástico azul que minha mãe colocava para proteger o colchão do berço do meu xixi, encharcado, quente!
Ah, que xixi quentinho, gostoso, mas que em seguida fazia minha mãe ficar tão brava e me bater, cheirar o colchão...
Ruim!!! Eu não entendia porque tanta braveza!
Ela nunca acreditou que eu me lembrasse disso!
Sim! Nunca esqueci! Desde o começo de tudo, enquanto estava feliz com tudo e depois quando ficava triste com tudo, eu ouvia a música que minha mãe escutava na rádio sempre: ”Relógio”, com Gregório Barrios.
Claro que cresci com problemas, resistências para ouvir essa música que tanto amo e amei desde sempre!
Mãenhêêêê!
Agora, depois das constelações, já me permito falar de minha mãe, do meu “xixi na cama” e dessa música linda com amor, sentimento, mas sem desespero.
Já passou.
Amada Marcinha...
Estou com os olhos rasos d'água. Amo você mais ainda... sinto muito por seu sofrimento.
Lembro da poesia:
"Deus me cura de ser grande... "
Por isso amo tanto as crianças... tanto, tanto...
Um abraço com muitas flores lindas para essa menininha tão valente.
Olinda Guedes