Masterclass: Terapia de Relacionamento. Aula de 10.11.2020.
Essas duas crianças, com esses olhares sofridos, amedrontados, perdidos, que parecem estar fazendo algo obrigados, forçados... são os meus avós maternos na foto do casamento deles: Sr. Gheoghie Diacov e Sra. Theodora Varsan Diacov.
Eu sei pouco sobre eles.
Ela nasceu em 1911 em Bucareste, na Romênia e veio ao Brasil com 14 anos. É a filha mais nova de 3 filhos, chegou aqui sem a mãe e sem a irmã mais velha, que não puderam vir devido a fatos que não são muito bem explicados.
Não se sabe se chegaram a embarcar e desembarcaram obrigadas devido a doença da minha bisavó, ou, se como contam outros, minha tia avó teve algum impedimento na hora do embarque e ela e a mãe ficaram enquanto meu bisavô, minha avó e seu irmão do meio seguiram viagem.
Os que vieram o fizeram devido a revolução e às dificuldades financeiras que tinham onde moravam. Vieram para trabalhar como empregados em fazendas no Mato Grosso.
Do meu avô eu sequer sei como se escreve o seu nome. Ele foi enterrado com outro nome, pelo que descobri pesquisando. Sei que ele morreu em 1968, aos 62 anos, de onde se conclui que nasceu em 1906.
Recentemente descobri que ele nasceu na Bessarabia, (atual Romênia)*, região cercada por mar e rio.
É uma região com muita água em torno das cidades, apenas uma pequena porção é potável. É uma região marcada por neve e muita pobreza, muita fome, muitas mortes por revoluções e guerras.
Como sinto essa dor que vejo refletida nos olhos dos meus amados! Percebo nesses olhares a dor da orfandade, do abandono, da rejeição, da saudade, da humilhação, do sofrimento, da solidão, da desesperança, da tristeza, da impotência. Eu sinto tanto, tanto.
Agora entendo essa melancolia e essa tristeza que sempre senti desde que nasci! Essa saudade que não sei de que é! Essa falta, esse vazio... São tantos os segredos e a falta de dados sobre eles, principalmente sobre o meu avô.
Sempre tive e tenho muita vontade de conhecer a sua história de vida. Ele mexe muito comigo!
Sempre foi excluído, odiado pela minha mãe e família por ter sido uma pessoa transtornada mentalmente... diziam que ele assassinou e estuprou pessoas que eram seus empregados, que traiu e roubou minha avó e nunca cuidou dos filhos que teve com ela.
Ao contrário, eles tinham que ser protegidos pela minha avó porque se, como todas as crianças saudáveis fazem, fizessem qualquer barulho quando ele estivesse em casa, ele os matava. Andava sempre armado e atirava em qualquer um com muita facilidade. São as histórias que sempre ouvi. Mesmo assim, sempre quis muito conhecê-lo, saber da sua vida.
Na aula de ontem, 10 de novembro de 2020, durante a constelação de uma colega, constelação me afetou por termos muito em comum nos nossos sistemas. Eu fiquei sentindo a garganta seca, arrepios, dor, calor e frio, tudo ao mesmo tempo pelo corpo, muito medo e pavor.
Me sentia humilhada, ofendida, esquecida e impotente. Pensava: “Mas o que foi que eu fiz para merecer isso?”
Ouvia a voz de uma criança falando isso. Comecei a pensar em como é difícil sermos indefesos, crianças dependentes, frágeis impotentes, e vermos que quem deveria cuidar de nós, além de não o fazer, ainda se aproveita dessa ingenuidade, dessa inocência e abusa tanto da gente.
Queria tanto chorar alto.
Gritar! Comecei a lembrar de como a minha mãe se divertia caçoando de mim quando eu devia ter uns 3 anos. Tínhamos um vizinho, um senhor bem velhinho, cuja pele enrugada e avermelhada me dava nojo. Ele se chamava Reginaldo e vendia amendoim torrado na rua. Vestia-se com um paletó e calça velhos, sujos, camisa branca encardida e chapéu bem velho e sujo também.
Eu corria com nojo e medo quando ele queria me tocar, para brincar, eu acho. Como a minha mãe sabia que eu tinha nojo dele, caçoava dizendo: “Maçaroca, SOROCA (porque era assim que gozava do meu nome) do Reginaldo” e metia amendoim dele na minha boca para eu ficar com mais nojo ainda. Eu cuspia e ela insistia, rindo.
Que horror!
Atitude abusiva esta de minha mãe.
Essa lembrança me veio e imediatamente entendi que o perverso recebeu perversidade! Como o meu avô, o pai dela, ela só podia me dar o que recebeu! Ou agressão física ou agressão verbal. Os poucos momentos de atenção, de dedicação, sempre eram cobrados.
Deu para ter clareza disso durante essa constelação.
Minha alma novamente solicitou e, assim que terminou a aula, eu fui pesquisar sobre aonde meu avô nasceu. Veja o que encontrei no mapa:
Há uma cidade, no alto, à direita com o nome de "Soroca" (SOROKI)! Eu não sei em qual cidade o meu avô nasceu, mas pelo arrepio que me dá toda a vez que vejo esse mapa, esse lugar, creio que possa ter sido ali, ou ele pode ter vivido ali, ter antepassados ali.
Fiquei e estou extremamente emocionada.
Conectei algo fundamental para a minha alma e para a minha cura e a do meu sistema aqui! Muito louco isso. Fascinante.
Ainda bem que agora eu sei que o campo têm todas as informações e que, Graças ao meu bom Deus, ao cientista Rupert Sheldrake, ao gênio Bert Hellinger e à amada Mestra Olinda Guedes, hoje eu sei que se eu estiver aberta à essas informações, poderei acessá-las.
A amada mestra disse ontem:
“As lágrimas pavimentam os caminhos para a recuperação do amor!”
(*) Bessarábia era, durante o Império Russo, a parte oriental do principado da Moldávia, cedido pelo Império Otomano (do qual a Moldávia era vassalo) à Rússia, em 1812, através do Tratado de Bucareste, após a Guerra Russo-Turca (1806-1812).[1][2][3] Sob o domínio russo, estruturou-se o Governo Geral da Bessarábia. A parte remanescente da Moldávia uniu-se à Valáquia em 1859, dando origem ao Reino da Romênia. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bessar%C3%A1bia