Quão frequentemente dizemos “meu pai”, “minha mãe”, “meus pais”, “meu parceiro”, “meus filhos”, “minha doença”, “minha saúde” ou “minha culpa”?
Mas...
Meu pai me pertence?
Minha mãe me pertence?
Meu parceiro me pertence?
Meus filhos me pertencem?
Minha doença me pertence?
Minha saúde me pertence?
Minha culpa me pertence?
Meu destino me pertence?
Ou, na verdade, provêm de outro lugar?
Me são presenteados? Ou me tomam a seu serviço?
Agora nos dispomos a nos introduzir em outro movimento...
Apresento, à minha mãe, a força que ela me trouxe.
A força com a qual a minha mãe também me trouxe à vida.
E a apresento à esta força.
E a libero de minhas necessidades, de meus pedidos.
Tomo dela o que ela me dá, e a deixo livre.
Assim, ela pode ir em direção a essa força, a força de onde provém, e de onde me foi dada.
Faço o mesmo com meu pai.
O apresento à esta força, tomando tudo que me foi presenteado por ele, tudo que me chegou através dele.
E lhe devolvo tudo o que lhe demando, libertando-o de todos os meus requerimentos.
O devolvo para esta força maior.
E sinto o efeito. Em mim e nele.
O que aconteceu com o amor depois disso?
Quão diferente é agora?
Faço o mesmo com meu parceiro.
E com todos os parceiros que tive.
Os apresento. Os apresento à essa força.
Eles me foram presenteados. De outro lugar.
E os tomo como um presente.
À eles e a tudo que me foi dado com eles.
E os apresento.
Também com meus filhos.
Me foram presenteados de outro lugar.
Agora os tomo como um presente.
E assinto (digo sim) a tudo que me chegou com eles, através deles.
E me entrego à uma força que pode mais do que eu, que quer mais do que eu.
Quão diferente é o amor agora? Como é agora?
De mim para ele, e dele para mim...
Faço o mesmo com minha doença e com meu destino, que me chegaram talvez como um presente.
E me apresento diante deles, diante da minha doença e do meu destino. Eles vêm de outro lugar.
E me apresento à força que guia tudo, com amor.
E faço o mesmo com minha saúde.
Não é minha saúde. Me foi presenteada.
A apresento de novo para a força de onde provém, sem pedir nada à ela.
De modo que sinto como minha saúde se libera de mim, e eu me libero dela.
E algo maior se manifesta agora, de repente: algo diferente da saúde e da doença.
E agora me apresento a mim mesmo, tal como sou, agora em conexão com algo maior.
A partir desta conexão, incluída em algo maior, espero o sinal que me permita regressar a mim mesmo de novo.
Bert Hellinger, Scuola Hellinger, Bolzano, Itália, 23 de março de 2006