“Uma vez trabalhei com um jovem, um rapaz de vinte e poucos anos. Ele se sentou e disse:
- Eu não tenho pai.
- Não dá para acreditar muito nisso - respondi.
Em primeiro lugar, porque eu podia ver com clareza a presença do Pai nele.
Mas então ele disse:
- Não tenho pai porque sou filho póstumo: meu pai morreu antes de eu nascer.
Ser terapeuta, ao saber dessa informação, dissera-lhe que seria bom trabalhar a ausência do pai para ganhar força em seu caminho.
E isso tem certa lógica, porque esse filho não pode cultivar o dia a dia com o pai e experimentá-lo em sua criação.
Mas eu via seu pai intensamente nele, muito mais que em outras pessoas que foram criadas com um pai, mas que acabam se tornando filhos prediletos da mãe, estabelecem com ela um vínculo excessivo e perdem em seu corpo e em sua energia o rastro paterno.
Então, fizemos uma constelação e representamos o pai, a mãe e ele.
Foi uma constelação muito comovente e pedagógica, porque a mãe sentia um amor e um respeito tão profundos pelo falecido marido que este chegava ao filho é fluía nele por meio dela.
E foi muito bonito ver como a mãe, com seu amor, fazia que o pai estivesse presente para o filho.
Este descobriu que seu pensamento, "Eu não tenho pai", era só isso, um pensamento: seu corpo estava cheio de seu pai porque sua mãe o havia feito presente.
Sem dúvida, um presente enorme que os pais dão a seus filhos é querer nele o outro progenitor, mesmo que a relação tenha acabado.
Os pais, de uma forma ou outra, em maior ou menor medida, estão sempre presentes em nosso corpo, em nosso coração e em nossa maneira de nos posicionamos na vida.”
Joan Garriga - O amor que nos faz bem
Débora Carvalho
Pedagoga, Psicopedagoga, Terapeuta, Mestre em Reiki, ThetaHealing, Consteladora Familiar.