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SE É SOFRIMENTO TEM CURA, TEM CURA SE TEM SOFRIMENTO

SE É SOFRIMENTO TEM CURA, TEM CURA SE TEM SOFRIMENTO
Márcia Regina Valderamos
nov. 5 - 7 min de leitura
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Com essa linda e sensível frase a Mestra amada Olinda Guedes encerra esse módulo sobre as noites escuras da alma, de onde eu concluo que, quando incomoda, quando dói é necessário ter respeito e compaixão por seja lá qual for a dor.

A empatia é fundamental para tratamos a nós mesmos e ao nosso sistema através de nós.

Primeiro, precisamos ter essa conduta conosco para depois conseguirmos ajudar ao outro a se curar. Toda doença, todo sintoma têm cura do ponto de vista sistêmico.

Respostas emocionais desproporcionais ao contexto são sempre noites escuras da alma. Esse conceito foi criado por São João da Cruz, padre canonizado (ver pesquisa que fiz e postei aqui) fundador da Ordem dos Carmelitas dos Pés Descalços, se referindo aos sofrimentos pelos quais todos nós humanos passamos.

Eles chegam para todos nós.

Não podemos evitá-los. Até para Jesus Cristo que veio para nos salvar e para isso viveu na carne, como nós humanos, o sofrimento atroz da crucificação pediu ao Pai: “afasta de mim esse cálice”.

As noites escuras da alma são caracterizadas por memórias transgeracionais. De repente, numa determinada época da vida da pessoa, sem nenhuma explicação, sem que se saiba porque, o que ela viveu sempre de maneira empoderada, comedida, aceitando seus limites e enfrentando desafios, agora fica em pânico e não tem confiança para enfrentar.

Fica paralisada na dor.

Por exemplo: a pessoa sabe que não há motivo concreto para aquele medo descabido e incontrolável que está tendo, mas não consegue sair dele. Essa é uma reação neurótica.

Uma memória psicótica, outra noite escura da alma humana, memória essa de sofrimentos extremamente graves, que levaram a situação de quase morte pessoas de gerações anteriores dentro do sistema. 

Psicose e esquizofrenia devem ser tratadas com alopatia juntamente com intervenções sensoriais, pois a pessoa não consegue lidar sozinha, está sem espaço mental para elaborar o seu sofrimento somente com palavras.

Com a pessoa medicada e tratando-a com um olhar empático, de compaixão, de gratidão, dando um lugar no nosso coração para ela, reconhecendo que ela está a serviço do sistema e que se não fosse ela, nós poderíamos estar sofrendo toda essa dor. Ela está fazendo uma tarefa muito difícil por todos.

Geralmente essas pessoas estão em ressonância com os excluídos do sistema, com situações que foram muito trágicas, tristes e que se tornaram segredo, escondidos e esquecidos por gerações no sistema. Sintomas psicóticos são consequências dos traumas empurrados para debaixo do tapete há muitas e muitas gerações.

É preciso pensar, olhar, constelar, colocar esse tema é perguntar onde ou com quem isso foi verdade? Com quem aconteceu realmente? Quando? para ordenar, mostrar, completar, incluir, compensar, equilibrando o sistema, para finalmente curar.

Não depende de “força de vontade”. Quando se diz isso para uma pessoa que está enfrentando uma noite escura da alma em qualquer área de sua vida, nós a desrespeitamos, porque não reconhecemos seu valor, não reconhecemos seu trabalho árduo por todo o sistema e ela se sente culpada.

Precisamos ter disciplina, esforço, obediência, empenho, e dedicação, mas ela precisa que lhe ensinemos que grande parte da vida da gente acontece de acordo com os destinos do nosso sistema, que precisamos de ser flexíveis, de ter humildade, aceitarmos e termos sabedoria para buscarmos ajuda e aceita-la quando chegar para aprender a andar por essas noites escuras e sairmos fortalecidos, evoluindo para além, para o melhor, mais proveitoso para nós e para nosso sistema.

Terapia é fundamental. O autoconhecimento nos tira da ignorância que é a mãe de todo sofrimento humano.

Recebemos tarefas das quais não temos o controle, chegam sem nossa permissão. Agora, a vida que vamos ter e o que vamos fazer com o que aprendermos dessas experiências, depende de nós. Sofrimentos são oportunidades que a vida nos dá de nos aprimorarmos, nos curarmos e curar a todos os nossos e evoluirmos.

O bem também acontece para todos. Quanto maior o sofrimento, quanto mais complexo ele for, maior terá que ser nossa transformação, uma espécie de conversão, então a nossa vida terá um grande salto quântico para o futuro.

As noites escuras podem ocorrer também na área da sexualidade e da afetividade.

No caso de uma pessoa que sofreu tentativa de aborto enquanto a sua mãe o gestava, acontecer dele(a) vir a ser um compulsivo(a) sexual ou ser uma pessoa que não quer sexo de jeito algum. Ambos os lados são polos de uma mesma disfunção.

Pode acontecer também de vir a ser uma pessoa insatisfeita com o seu gênero e sofrer por querer ser do gênero oposto. Se está sofrendo com isso, tem desequilíbrio entre afetividade e sexualidade e precisa de terapia.

As pessoas disfuncionais se apaixonam por suas patologias e podem se submeter a relações abusivas, sentindo-se presas a essa relação, sem condições de se defender, por estar em desequilíbrio com a afetividade. O sexo com afetividade de maneira adequada é prazeroso e saudável, afinal é dessa relação que vem os filhos e a vida se perpetua.

A gagueira, por exemplo, pode ser memória de perpetrador e vítima e trauma de ter observado um matar o outro dentro do próprio sistema; o autismo, a dislexia, são neuro especificidades neurológicas que levam as pessoas portadoras dessas patologias perceberem a realidade de maneira diferenciada.

Essas pessoas são excluídas, sofrem com preconceitos e não são respeitadas. É preciso ter respeito por elas. Precisamos assumir uma culpa, olhar para elas com compaixão, com gratidão, por que elas estão carregando um peso dificílimo por todos nós, enquanto estamos livres, fazendo o que bem queremos.

É preciso ter a humildade de reconhecer o valor de cada um dos chamados “especiais” e incluí-los, aceitá-los, não por culpa que leva a remorso, a destruição de nossas vidas e não resolve nada, mas a culpa que Hellinger chama de “boa culpa”,  que ajuda na valorização de todos, no respeito à ordem, ao pertencimento e ao equilíbrio,  pelo bem comum.

As constelações dessas “noites escuras da alma” são muito complexas, precisam que a família da pessoa esteja presente, exigem de todos e do Constelador uma empatia maior, compaixão, sentimentos de caridade, gratidão e amor, em reconhecimento ao trabalho pesado e extremamente difícil que este ser está fazendo por todos.

 

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CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÓDULO 7 – CONCLUSÃO – CURSO FORMAÇÃO EM CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS - F1


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