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"O PRIMEIRO AMOR A GENTE NUNCA ESQUECE"

"O PRIMEIRO AMOR A GENTE NUNCA ESQUECE"
Paula Azevedo
abr. 28 - 6 min de leitura
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“As ordens do amor dizem que tudo o que vem antes tem precedência.

Por isso compreendemos por que tantas pessoas têm a sensação de não ir para adiante. Essa também é uma das ordens do amor, primeiro o que vem antes, primeiro o passado e depois o futuro. Desse ponto de vista não existe passado, só existe um grande agora com aquilo que é necessário ser feito.

Quando a vida não vai para adiante, então, vá para trás. É lá que estão o êxito, a alegria, a saúde”.

Olinda Guedes, Além do Aparente, p.194.

 

Minha cliente chegou por meio de uma amiga em comum que já constelou comigo. Trabalha com afinco na psicoterapia, entretanto sente que no campo de seus relacionamentos afetivos há uma trava, um bloqueio que pede para ser liberado.

Ela é uma mulher bem-sucedida em seu trabalho, independente financeiramente, mas sente que algo lhe falta: quer formar sua própria família.

Em sua consulta individual, fomos de Constelação na água, ao estilo Olinda Guedes. A Constelada escolheu uma mulher azul[1] para representar a si mesma.

Sua frase de intenção é: EU QUERO FORMAR MINHA FAMÍLIA. Ela destacou as palavras: FORMAR E FAMÍLIA. Para a palavra formar, ela escolheu como representante um boneco adulto azul e para a palavra FAMÍLIA, uma representante feminina, uma menina de cor vermelha. Ao colocar os bonecos na água, imediatamente se formaram dois blocos, de um lado a representante da minha cliente, e de outro o homem e a menina agarrada a ele.

Minha cliente observa, e fala: “Olha como minha família está distante de mim!”

Ela manifesta tristeza, talvez aquela angústia que nós humanos sentimos quando percebemos a distância entre os nossos desejos e a nossa realidade, quando nos questionamos se realmente temos recursos para transpormos esta distância, para fazermos a travessia.

Ela já havia mencionado uma irmã mais velha, mas perguntei pelos seus irmãos. Ela comentou sobre uma criança abortada, um irmão gerado depois dela, mas que não nasceu. Colocamos um representante desta criança no campo, é um menino, e ela lhe deu o nome que seu pai lhe teria dado se a criança tivesse nascido. O representante do irmão se juntou à menina e ao homem.

Pedi para que ela pronunciasse frases para estabelecer o pertencimento desta criança: Querido irmão “Eu vejo você”; “Você é um de nós”; “Você também faz parte”. A partir deste momento, a boneca que a representava começou a se mover na água em direção ao bloco composto pelo homem e pelas duas crianças que estavam do outro lado da tigela.

Eu ainda sentia que faltava alguém, um outro irmão, na verdade uma outra irmã, um gemelar da minha constelada. Ela é uma gêmea, que nasceu sozinha... Talvez este fato apontado pelo campo expliquem o vazio, a tristeza sem sentido e explicação, a sensação de que algo que falta, a necessidade de comprar dois vestidos, dois sapatos, de trabalhar por duas.

Minha cliente ainda mencionou uma anomalia uterina, em que o útero é dividido ao meio por camada chamada de septo, sendo por isso, chamado de útero septado, eu também sou gemelar e assim como minha constelada, possuo uma anomalia uterina que divide meu útero em dois, o chamado útero bicorno, além disso, possuo um único rim, já nasci assim agora eu sei que o outro, meu irmão ou irmã levou consigo.

A sua imagem de solução foi completar o quadro de sua família de origem: Mamãe, Papai, filha 1, filha 2, filha 3 e filho 4. Foi lindo de ver a família completa enfim.

Já ouviram aquele ditado: “O primeiro amor a gente nunca esquece”? Minha Constelada também não esqueceu. Como seguir em frente, se não se esqueceu o primeiro amor? Seu primeiro amor foi a irmã que esteve no útero junto com ela e partiu.  

O vínculo que estabelecemos com alguém no útero é maior até do que aquele que estabelecemos com a mãe.

Ainda em sua infância, a possibilidade de ter mais um irmão reacendeu em seu coração, a esperança de compartilhar o amor com um outro, mas seu irmão caçula também não pôde ficar e isso destruiu seu coração que já estava machucado.

É como se após esses eventos, sua alma dissesse: “Porque perdi meus irmãos e não pude lamentar por eles, não abro o meu coração para mais ninguém!” Aqui no aparente, ela quer formar uma família, mas lá onde os olhos não podem ver, é ela que deliberadamente se distancia dos seu sonho, não quer vivê-lo, está fechada para ele, pois, a possibilidade de viver o amor, a faz reviver a dor. Então ela prefere manter a distância, revivendo o passado de dor e sofrimento no presente, se fechando para o futuro.

O campo informou como seu sintoma a vincula a estes dois irmãos que não puderam nascer, que estavam excluídas daquela família, mas que agora não mais, por causa dos movimentos que ela realizou incluindo-os em sua vida e em seu coração.

Se há algo que tenho aprendido por meio da Filosofia Sistêmica é que as respostas para nossos questionamentos estão em nosso corpo, em nossa casa e em nossa família.

Na busca por soluções, olhamos para fora de nossos limites, de nossos territórios e nos aventuramos em viagens que nos levam para longe de nossas respostas, meu papel como ajudadora é empreender junto com quem procura meus serviços uma viagem de retorno...

Retornar para dentro, retornar para o passado, retornar para a infância, retornar para a gestação, retornar para a família de origem, para que possamos resgatar os recursos (amor e força) para enfim levar a vida adiante.

 


[1] Segundo a gramática das constelações, o cliente representado pelo azul, sempre tem um sorriso, mesmo que seu coração esteja triste, porém, muitas vezes não são vistos porque carregam a dor dos excluídos...


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