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Ordens numa família mista

Ordens numa família mista
Débora Carvalho
abr. 26 - 6 min de leitura
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PARTICIPANTE- Então qual é a ordem quando um dos parceiros ou ambos já foram casados anteriormente e existem filhos de um relacionamento anterior?

HELLINGER- O parceiro anterior precisa, em primeiro lugar, ser respeitado. As razões que se dão para a separação, por exemplo, que o marido era excêntrico, são naturalmente superficiais. Via- de- regra, são desculpas que se diz a si mesmo. Pois, se a mulher não tivesse amado o homem não teria se casado com ele.

O que realmente leva à separação, na maioria das vezes, está oculto. Não importa qual tenha sido o motivo da separação, a solução exige que o parceiro anterior seja respeitado. Porque todos os seres humanos são igualmente bons, mesmo que isso soe estranho. Embora muitos afirmem isso continuamente, na prática parece que é muito difícil entender. Todas as pessoas são igualmente boas. São diferentes, mas igualmente boas.

Alguns que se separam, dizem: sou melhor, e o homem ou a mulher não é tão bom ou tão boa. Este é o primeiro grande erro. Eles são, na realidade, diferentes, mas de igual valor na forma que representam. Cada um representa algo especial, o qual não tem o poder de mudar.

Muitos casais tentam puxar o outro para o seu lado, fazer com que o outro seja do mesmo jeito que ele é. Isso não dá, está condenado ao fracasso. Casou-se com ele porque ele é do jeito que é. Por isso, deve-se deixá-lo do jeito que é. Somente se ele for como ele é, puder ser do jeito que é, ele pode também desenvolver o seu potencial, seu dom especial, seu destino especial que ele dá de presente ao outro. Essa é a base do desenvolvimento.

Numa separação é preciso que se chegue a este reconhecimento: “Respeito você como você é e assim você me convinha; eu amei você assim e sempre o amarei”.

Qualquer que tenha sido a razão para a separação, não pode ser deslocado para o contexto da culpa, nem com o parceiro nem consigo mesmo. Porque, o que leva à separação é, muito frequentemente, um mistério que não podemos desvendar. Tem muito a ver com o passado.

Quando se sabe dessas relações e se pode reconhecer isso, os filhos se sentem também respeitados. Pois, quem rejeita o homem ou a mulher, rejeita nos filhos também o homem ou a mulher.Isso é muito deprimente para os filhos.

Aqui também é válido que se reconheça: “Seu pai e eu somos para vocês igualmente bons e igualmente certos, cada um de seu jeito especial”. Então os filhos podem concordar com os seus dons especiais e também com os seus destinos, e ganham força com isso. Também para o marido é importante que ele reconheça que os filhos são certos, porque têm esse pai e essa mãe, também dessa forma especial. Nesse momento, todos ficam aliviados.

Quando se começa um segundo relacionamento o que não foi solucionado no anterior será retomado pelos filhos no segundo relacionamento e tentada uma solução. Mas essa solução é instintiva e cega. Consiste na imitação do parceiro anterior através de uma criança, sem que a mesma perceba isso. Quando, por exemplo, um filho de um segundo relacionamento precisa imitar o parceiro anterior da mãe, então ele não é para a mãe o filho, mas o parceiro. Também para o marido, não é um filho, e sim um rival. Apenas depois que o parceiro anterior é respeitado, o filho pode sair desse emaranhamento e ficar novamente criança. Por isso, é também
importante que o marido diga para ele: “Você pertence, eu sou o pai aqui. Nós, os pais, vamos resolver as outras coisas. Você não tem nada a ver com isso”. Então a criança fica aliviada.

Essas são algumas leis que devem ser observadas, a fim de que um segundo ou terceiro relacionamento possa dar certo.

Existe um ideal bem difundido: o casamento é algo vitalício e precisa durar a vida toda. É algo grande quando se consegue isso, não existem sombras de dúvida quanto a isso. Merece o nosso respeito. Mas hoje temos tantas possibilidades de olhar para a profundeza, para ver o que se passa na profundeza das almas e também muito mais compreensão pelo que acontece lá, que não é preciso lamentar a atual situação. Não nos compete lamentar, tomar o outro como medida e talvez julgar. Isso não dá.

Mais uma coisa a ser observada: a criança que representa um parceiro anterior tende algumas vezes a desenvolver neurodermite ou também asma. Isso tem a ver com o fato de que precisa da bênção do parceiro anterior. Essa bênção vem automaticamente quando o parceiro anterior é respeitado. Isso com relação às ordens em famílias complexas.

PARTICIPANTE- O senhor falou que filhos do segundo casamento podem representar parceiros anteriores. Em que medida é também possível que um filho de um primeiro casamento que é levado para o segundo relacionamento possa assumir esse papel?

HELLINGER- Naturalmente. Essa criança representa o pai ou a mãe excluído. Quando, por exemplo, a criança foi atribuída à mulher, então ela representa no novo relacionamento o pai e vice-versa. A solução é bem simples: o parceiro precisa respeitar na criança o parceiro anterior. Então a criança se sente bem e não precisa representá-lo. Ela o representa, quando ele não é respeitado.

Bem profundamente na alma existe uma necessidade irresistível de respeitar cada um do jeito que é. Essa é uma ordem do amor que atua na profundeza. Quanto mais as entendemos, tanto mais facilmente podemos encontrar a solução.

 

A fonte não precisa perguntar pelo caminho.

PAG. 94 Bert Hellinger.


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