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PESQUISA: FELICIDADE, ESCOLA E PROFISSÃO

PESQUISA: FELICIDADE, ESCOLA E PROFISSÃO
Márcia Regina Valderamos
out. 29 - 15 min de leitura
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“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.” Carl Gustav Jung

Todos nós procuramos apenas uma coisa em nossas vidas: ser felizes!

Essa felicidade é alterada para cada pessoa. Para uns, ser feliz é ter muito poder aquisitivo e poder comprar o que desejar, tal como carrões, mansões, entre outras coisas materiais. Para outros, é ter fama, ser uma pessoa conhecida por todos (o que é representado no alto nível de exposição social). E desse modo a sociedade pós-moderna do século XXI torna-se cada vez mais líquida, em que tudo depende da aprovação da sociedade e da admiração de outros.

Com isso, sempre é cativante compreender como os povos antigos concebiam a felicidade, em especial os filósofos antigos do mundo grego, tais como Sócrates, Platão e Aristóteles, esses que são os patriarcas da filosofia ocidental.

Sócrates é conhecido como o Pai da Filosofia, é o nome mais famoso das escolas de humanas, criador da célebre frase: “Só sei que nada sei”. A frase define o conceito de felicidade de Sócrates, quando, ao reconhecer que nada sabe, se coloca à procura de conhecer, pondo-se no caminho do conhecimento para compreender as coisas, compreender algo novo, aprender sobre tudo. E assim se constrói para Sócrates o caminho da felicidade, pois, somente procurando o conhecimento se encontra a virtude de conhecer.

Assim é o homem feliz, o homem que procura o conhecimento da verdade. Sócrates compreende que o homem feliz é o homem que conhece a si mesmo, o homem que possui o autoconhecimento. Mas, para o homem conhecer a si mesmo, deve ter a consciência de nada saber sobre si, para então procurar obter o conhecimento de si mesmo.

Já Platão, o discípulo mais fiel de Sócrates (que nos proporcionou todo o conhecimento sobre Sócrates, pois somente em suas obras é possível observar os ensinamentos socráticos), compreende que a felicidade é a principal busca de todo ser humano; mas, diferentemente de Sócrates, Platão elenca a felicidade como a prática do bem ético, onde as ações promovem efeitos que proporcionam o bem. O Bem para Platão é concebido como o principal objetivo de toda ação humana, por ser o princípio da justiça e da verdade.

Em Platão encontra-se o pensamento de recompensa em praticar o Bem, pois, somente praticando as virtudes da alma (Platão compreende que o homem possui uma dualidade existencial, onde é portador de corpo e alma; o corpo é terreno e proporciona ao homem prazeres terrenos e a alma é imortal, onde está interligada com o Mundo das Ideias – Mundo da Verdade e do Bem), ela poderá retornar à sua casa, isto é, ao Mundo das Ideias, então praticar as virtudes da alma é promover a felicidade humana, enquanto sua alma se aproxima do Bem Eterno.

Em Aristóteles encontra-se o conceito de felicidade mais prático e aplicável ao cotidiano. Para o filósofo a felicidade consiste em aperfeiçoar a prática da Mediocridade, isto é, ter ações que promovam a Ética, que é agir em uma justa medida entre dois extremos, por exemplo: ter coragem é o agir mediano, entre agir de forma temerosa e agir de forma covarde. Aristóteles ensina que o homem feliz é aquele que promove ações éticas em todas as suas escolhas e que consegue agir da melhor forma possível (tendo em vista a mediania das escolhas) em todas as situações do cotidiano, não cedendo aos vícios, que são os extremos da falta ou do excesso.

Percebemos que as concepções dos filósofos antigos diferem muito das concepções de felicidade do mundo contemporâneo, onde a pessoa feliz é quem pode comprar coisas, ou o que aparece mais vezes na tela da TV, smartphones e computadores dos outros; onde a pessoa feliz é aquela que está com o cartão de crédito na mão, a pessoa que consome e assim se torna parte da globalização. Para os filósofos antigos a felicidade é algo que não pode ser comprado, pois é autoconhecimento, é agir de acordo como o Bem e a Justiça Eterna, ou agir de forma ética em uma medida, em todas as ações humanas.

Os 5 passos de Carl  Gustav Jung para ser feliz

Segundo Carl Jung, a felicidade exige que sejamos capazes de olhar primeiro para dentro de nós mesmos. Somente quando acordamos, somente quando nos conscientizamos do inconsciente e deixamos as sombras para trás, nos sentimos livres para alcançar o que nos faz felizes.

Os passos de Carl Jung para ser feliz continuam muito atuais. O famoso psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica é mais do que aquela figura de conhecimento notável e variado que nos deixou conceitos como o inconsciente coletivo e os arquétipos.

Jung era um especialista na alquimia complexa de emoções, imagens e necessidades subjacentes ao ser humano.

“Somos a origem de todo o mal”, disse ele uma vez em uma entrevista enquanto o mundo estava sob o véu da Guerra Fria. “As pessoas são feitas de medos e apenas a psicologia e a compreensão de quem somos poderão nos salvar”.

Jung sabia que, como espécie, éramos capazes do pior, mas também do melhor. Essa autorrealização em relação à esperança e ao bem-estar só é alcançada, segundo ele, através da individualização. Esse termo interessante também está ligado ao conceito de felicidade que Carl Jung tinha. Fazia referência ao processo pelo qual conseguimos nos tornar indivíduos psicológicos livres, mas unidos em todas as nossas partes; sem medos, sem angústias, formando uma totalidade onde nada fica na sombra, onde o inconsciente se torna consciente e conhecemos os nossos propósitos.

Essa ideia era a pedra angular do pai da psicologia espiritual, mas ele também foi capaz de nos dar uma lista simples daquelas dimensões que, segundo ele, poderiam nos levar a felicidade.

Ele o fez durante uma série de entrevistas coletadas no livro C.G. Jung Speaking (1987). Vejamos em que consistem esses passos de Carl Jung para ser feliz.

Existem muitas listas clássicas de como ser feliz. Também sabemos que muitas delas caem em um positivismo desatualizado, sem serem realistas ou fornecer ajuda objetiva. As chaves de Carl Jung para ser feliz também podem parecer um pouco simples, mas elas têm um importante ponto de diferenciação. O fundador da psicologia analítica apontou um detalhe importante. Se ficarmos obcecados buscando essas dimensões, o que conseguiremos é exatamente o oposto: ser infelizes.

Em vez disso, é necessário termos objetivos claros, mas sermos capazes de nos deixar levar, de sermos receptivos e intuitivos. Como o próprio Jung diria, capazes de vislumbrar “essas sincronicidade que as vezes nos trazem coisas inesperadas e maravilhosas”

Vejamos, portanto, quais são as chaves de Carl Jung para ser feliz:

1. Boa saúde física e mental

Uma não é concebida sem a outra. A boa saúde deve ser física e também psicológica. O próprio Carl Jung especificou que a psicologia era, na verdade, a única ciência que poderia salvar os seres humanos e mediar o seu bem estar.

No entanto, ele apontava que a psicologia não se destina apenas a tratar distúrbios psicológicos que favorecem o desconforto e o sofrimento. Perceber-nos como pessoas, esclarecer objetivos e saber quem somos também é a chave para a felicidade, assim como para o bem-estar físico.

2. Ter bons relacionamentos

A qualidade das nossas relações sociais é, sem dúvida, um pilar que aparece em todo manual sobre felicidade. Não podemos viver desconectados dos nossos semelhantes, precisamos de carinho, amizade, segurança, amor, comunicação, compartilhamento e descoberta de novas perspectivas.

Além disso, aprender uns com os outros, cuidar e ser cuidados, cria vínculos sólidos e gratificantes.

3. A capacidade de perceber a beleza da arte e da natureza

A arte é um produto cultural criado pelo ser humano que vai além do sentido estético. Em cada obra, em cada produção, está contida a essência do ser humano.

Aí estão as suas emoções, a sua criatividade, os seus idealismos, o seu potencial psicológico e inovador, o seu domínio em moldar criações que surgiram primeiro na sua mente e naquele cenário inconsciente de que Jung falava.

Saber apreciar tudo isso também nos eleva, nos gratifica e nos faz felizes. Da mesma forma, é importante admirar a natureza, onde estão as nossas raízes, onde todos os seres e todos os cantos do nosso planeta podem nos dar excelentes lições de sabedoria.

4. Acredite em algo, em uma religião ou filosofia

Entre os passos de Carl Jung para ser feliz, não poderia faltar a espiritualidade. Bem enraizada em uma doutrina religiosa ou em uma corrente filosófica, o fato de acreditar em “algo” oferece, de acordo com o pai da psicologia analítica, uma base para o bem-estar.

É se permitir dar contexto e origem a cada experiência, é sentir que há algo mais do que o meramente tangível, algo que oferece raízes e, ao mesmo tempo, sentidos e propósitos.

5. Um trabalho satisfatório

Carl Jung explicou em mais de uma entrevista que o seu objetivo e desejo na infância era ser um arqueólogo. Mais tarde, as circunstâncias o levaram a fazer o curso de medicina e se especializar em psiquiatria.

De alguma forma, ele conseguiu estruturar a sua paixão pela história, pela antropologia e a ansiedade de “cavar” na parte mais profunda do ser humano através da psicologia analítica.

Ter um trabalho satisfatório não é algo simples, mas se facilitarmos essa jornada profissional por meio de escolhas apropriadas e conhecendo os nossos ideais, acabaremos encontrando um emprego onde nós sentiremos realizados.

A felicidade também é dar aos outros o melhor de si mesmo, através de um trabalho bem feito, daquele trabalho pelo qual somos apaixonados e no qual somos bons.

Sócrates dizia que para encontrar a felicidade, você precisa descer às profundezas de si mesmo. De certa forma, essa ideia é bastante semelhante ao que Jung defendia; devemos conscientizar a voz interior que existe em cada um de nós. Quando o fizermos, nos sentiremos livres e preparados para moldar a vida que desejamos.

“Não precisamos ter tudo o que acreditamos que precisamos para ser felizes, nem esperar por tudo o que desejamos, nem chegar ao ponto mais alto do sucesso. Ser feliz é uma questão de apreciar o que temos agora, ser feliz é estar em paz e plenitude com o que temos”. É assim que Tal Ben Shahar, o professor da felicidade e da psicologia positiva explica o tema.

Tal Ben Shahar é professor em Harvard e tornou-se famoso por suas aulas sobre felicidade, que ele define como “a sensação geral de prazer e significado; uma pessoa feliz aprecia as emoções positivas ao mesmo tempo em que considera que sua vida é cheia de significado”.

Bert Hellinger na Introdução de seu livro “ORDENS DO SUCESSO - ÊXITO NA VIDA ÊXITO NA PROFISSÃO” nos explica que para obtermos sucesso, realização e a felicidade tanto nos relacionamentos, bem como no trabalho e na profissão devem ser seguidas as mesmas Leis Sistêmicas: respeito ao Pertencimento, à hierarquia (a ordem) e à compensação (equilíbrio), leis essas que foram conceituadas com base na fenomenologia e que, a meu ver, englobam todos os pontos levantados aqui nas teorias acima descritas.

Bert diz que a felicidade é aprendida, precisamos estudar essas leis para obtê-la, com o que concorda a professora, palestrante nas áreas de constelações e pedagogia sistêmica, escritora de três obras, cuja primeira que leva o título “O Que Traz Quem Levamos para a Escola?”

Ela pesquisa sobre como a felicidade, o prazer em ensinar por parte dos professores, o cuidado amoroso desde as instalações físicas da escola, a preparação de um conteúdo que respeite os dons naturais dos alunos, o acolhimento, o respeito pela história do sistema familiar do estudante, o convívio dos pais na escola, a abertura da escola para a comunidade, a participação de todos nas questões decisivas para o bom funcionamento da escola e do aprendizado dos estudantes, bem como a participação desses últimos nas decisões sobre o disciplina para o bom andamento do ano letivo, traria ordem, paz e felicidade para  o sistema de ensino, os professores teriam mais ânimo e saúde para trabalhar, os alunos corresponderiam com amorosidade e reconhecimento, pois haveria respeito, ética, deveres e direitos equilibrados, valorização dos professores e do ensino para a nação e seriam preparados futuros profissionais  de sucessos, fundamental para o desenvolvimento de um país.

Ela escreve logo na apresentação, página 12 do livro citado “Percebi que a felicidade é também resultado de saber. Quando conhecemos podemos tomar o caminho que quisermos”.

Conclui-se então que felicidade não se trata de um simples estado de espírito. Trata-se de um direito humano básico para a sobrevida da humanidade. Conforme estudamos nas obras desses mestres, vemos que esses direitos devem ser aprendidos em casa, mais nas ações de cada um que convive com as crianças do que com palavras; com as atitudes adequadas, funcionais dos pais para com seus filhos, respeito a todas as Leis Sistêmicas, o que precisa ter continuidade  e ser  apoiado, ancorado com profundidade e assertividade pela escola, para que sejam efetivados e assegurados a todos os cidadãos e cidadãs que são esses alunos,  pois,  como ensina a professora Olinda Guedes se referindo ao lema da nossa Bandeira:

“ONDE HÁ ORDEM HÁ PROGRESSO; ONDE NÃO HÁ ORDEM NÃO PODE HAVER PROGRESSO”.

Sem felicidade, sem ordem e sem progresso e vice-versa.

 

Bibliografia

sites: https://amenteemaravilhosa.com.br/tal-ben-shahar-professor-felicidade/

https://amenteemaravilhosa.com.br/passos-de-carl-jung-para-ser-feliz/

https://www.eusemfronteiras.com.br/a-felicidade-segundo-os-filosofos-gregos-socrates-platao-e-aristoteles/

Jung, Carl Gustav - Memórias, Sonhos, Reflexões - Editora Nova Fronteira - 21a impressão - 2001 - Rio de Janeiro/RJ

Hellinger, Bert - Ordens de Sucesso - Êxito na vida Êxito na profissão- Editora Atman - 5a Edição - 2019 - Belo Horizonte/MG

Guedes, Olinda - O Que Traz quem Levamos para a Escola- Pedagogia Sistêmica - Editora Appris - 2a edição - Curitiba/PR

 

 

 

 

 


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