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Porque quem um dia te teve como um amor, no outro te tem como um inimigo?

Porque quem um dia te teve como um amor, no outro te tem como um inimigo?
Débora Carvalho
mai. 15 - 9 min de leitura
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Quando você se apaixona por uma pessoa, quando a força erótica é ativada na direção de alguém, o seu passado também é ativado.

Quanto mais vinculado ou mais envolvido afetivamente você se torna com o seu amigo, mais facilmente você vai projetar o seu passado nele. A partir daí surgem os desafios mais profundos e a projeção acontece naturalmente o que, no início, é bastante empolgante e nada parece ser mais importante ou poderoso do que essa experiência. É uma força tão intensa em direção a união e são tantos os sentimentos que esse encontro proporciona.

É uma aventura indescritível.

Mas, naturalmente, o passado é ativado e então surgem as dificuldades de sustentar. Surge então a necessidade do amor exclusivo. As necessidades da sua criança ferida são projetadas no seu parceiro (a) e você oscila constantemente entre o amor e o ódio, entre o estado de abertura e o estado de fechamento.

Você começa a se magoar por causa de uma coisa ou de outra e então começa a se recolher. Esse já é o passado sendo recriado. As mágoas e os ressentimentos emergem por causa dele. Você já começou a ver seus pais negativos no outro.

Você já começou a exigir que a pessoa seja de um jeito ou de outro. Aqueles defeitos que você achava até bonitinho e engraçadinho começam a te incomodar de um jeito insuportável. Nesse fechamento, nesse mergulho no porão do inconsciente, nessa floresta escura, é natural que você se esqueça da amizade.

Você esquece que também é amigo daquela pessoa.

Com um amigo você consegue ser altruísta de verdade. Você consegue realmente estender a mão, mas para o seu amante você não consegue dar nada. Justamente porque existe a projeção. Na sua fantasia aquela pessoa se tornou sua propriedade e ela tem que atender as suas exigências. E quando as suas exigências não são atendidas você traz a tona os seus aspectos sombrios. 

Então, a primeira coisa que você perde quando as suas exigências não são atendidas é a amizade. Essa é uma questão muito importante a ser compreendida. O quanto você é amigo do seu amante? O quanto que você torce por ele de verdade? O quanto você está querendo que ele seja feliz? O quanto você está dando o seu melhor para ele revelar o seu melhor? O quanto você está trabalhando para que ele seja completamente livre?

Isso é um fenômeno natural quando a personalidade está identificada com a sua criança ferida. A tendência é culpar o outro por qualquer dificuldade.

Você não precisa estar tão apaixonado para culpar o outro pela sua infelicidade. Claro que quanto mais envolvido, mais intensamente você vai culpar o outro pelo fato de você não estar feliz.
Eu tenho dito que esse é o jogo mais destrutivo que permeia a nossa sociedade; o jogo de acusações. Você culpa o outro pela sua dificuldade em abrir o seu coração.

Você está tendo dificuldade de amar; você está tendo dificuldade de irradiar a sua luz. Mas, como é muito difícil se auto - responsabilizar por isso, você culpa o outro. Essa é a distração básica do processo de autoconhecimento.

As coisas não estão indo bem para você e tem que haver um culpado. A sua atenção vai para fora e você não olha para dentro e, assim, não transforma o que tem que ser transformado porque para isso você vai ter que olhar para coisas difíceis.

Você vai ter que encarar aspectos de si mesmo que são difíceis de ser encarados. Requer muita humildade e aceitação para poder se ver diante do espelho e poder admitir as suas falhas, as suas imperfeições. Admitir que, se você não esta amando, o problema é seu, não do outro. 

Se você não está se sentindo pleno, se não tem contentamento e não está sentindo prazer, é porque tem alguma coisa errada com você. Você vai ter que olhar para isso que está errado e isso dá trabalho. Muitas vezes dói. É por isso que você evita esse confronto consigo mesmo, apontando o dedo para o outro.

Assim é muito mais fácil. Se as coisas não estão indo bem, o culpado é o outro. “Não tenho dinheiro por causa do governo”. “Não encontro emprego porque tem problema lá fora”. Também é assim na relação a dois. Você não consegue expressar a sua luz e não consegue amar; muitas vezes é estúpido, violento, ignorante, indiferente… e isso faz com que você não experiencie a alegria do amor. Isso faz com que você sofra e culpe o outro. Isso é natural.

Você se separou da pessoa, mas ninguém quer ser abandonado. Abandonar é fácil, mas ser abandonado não é fácil. Não é tão fácil abandonar para alguns, mas alguns fazem isso facilmente. Porém, ninguém da conta de ser abandonado. A pessoa vai sofrer mesmo e ela vai te acusar, vai te culpar. 

A questão é: porque você se sente acusado? É isso que você precisa olhar: o que ainda não olhou na relação. Você pode ter ido para outra relação e é muito natural que isso aconteça, mas a relação anterior continua aberta. Ela está aberta justamente porque você não chegou na amizade. O amor ainda não está fluindo livremente. Ainda existe projeção. Você acusa e se sente acusado. Isso ainda é projeção.

As vezes a relação termina para um e não termina para o outro. Termina para você quando, de fato, chegou na amizade. Então cumpriu sua missão e realmente se transformou em amor. Então tem essa missão que é transformar, atingir o núcleo do coração. Isso somente é possível quando a sombra é transformada, quando você se liberta do passado e deixa de projetá-lo no outro. 

Quando isso acontece não há porque forçar o outro a fazer do seu jeito. Você abandona toda a necessidade de ser amado exclusivamente por ele. Você somente vai forçar o outro enquanto ainda houver essa força erótica agindo. É claro que, nas amizades, também há força erótica, mas num grau que não faz você ser tão contundente na sua exigência. 

Quanto mais exigente você é em relação a outra pessoa, maior a sua projeção e mais material de escola tem ali. Você vai ter que utilizar esse material a favor da sua evolução. A referência de uma amizade sincera, onde você pode ser transparente, pode se revelar, receber a revelação do outro e onde você deixa o outro completamente livre, inclusive para não te amar é uma boa referência. 

Enquanto não estiver nesse estágio, você deve trabalhar para purificar o seu sistema. Deve trabalhar para curar as feridas antigas que ainda estão presentes. Enquanto não estiver amando desinteressadamente você deve trabalhar na esfera de cura. Você não deve descartar esse material que emerge e te dá uma pista do que precisa ser transformado.

Se a vida é uma escola, o relacionamento é a universidade. Eu quero dizer todas as relações porque todas elas estão te ensinando a amar, a respeitar e a ser íntegro. Elas estão te ajudando a ser completamente livre e a amar desinteressadamente. Eu costumo dizer que, tirando todo o romantismo, o relacionamento é material de escola. E quanto mais intensa é a relação, ou seja, quanto mais envolvido você está, melhor é o material de escola. Esse material de escola tem mais valor e vai te ajudar mais porque não vai deixar passar os seus autoenganos.

Experimente ficar e ver mais a fundo com o teu amante ao teu lado o que de fato está ali como conteúdo de projeção, se tiver um amigo ao teu lado, qualquer desafio vai ser superado e vocês terão passado na prova final dos relacionamentos e encontrado o que sempre buscaram. Então terá cumprido sua missão e a busca terminou, vocês terão encontrado a si mesmos, um no outro.


  Texto Sri Prem Baba em resposta a pergunta:  Porque quem um dia te teve como um amor, no outro te tem como um inimigo?


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