Muitas vezes, as memórias de um abuso são guardadas como um segredo na psique, pois desencadeiam sentimentos de vergonha, culpa e baixa autoestima.
A região do segredo é uma zona anestesiada da psique e uma imensa quantidade de energia vital é mobilizada para manter o segredo.
Todo esse esforço psíquico cria um muro de separação entre o eu e os outros.
Falar sobre as memórias e a dor num ambiente seguro é uma forma de trazer vida de volta a esse lugar anestesiado e liberar a energia vital para fluir novamente com a vida.
“Nem tudo é tão sombrio quanto parece.
O modo de reverter um drama trágico num drama heroico está em revelar o segredo, em falar a respeito dele com alguém, em escrever um outro final, em examinar nosso papel nele e quais as nossas qualidades ao suportá-lo.
Esse aprendizado compõe-se em partes iguais de dor e prudência.
O fato de se ter passado por tudo isso é uma vitória do espírito profundo e selvagem.”
(Clarissa P. Estes, Mulheres que Correm com os Lobos, p. 279).
Débora Carvalho