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Relacionamento de casal e suas projeções

Relacionamento de casal e suas projeções
Débora Carvalho
jun. 16 - 6 min de leitura
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Muitas vezes sou eu quem preciso do meu parceiro, mas é conveniente dizer que ele precisa de mim. Um casal tem um contrato não explícito de cuidar um da sombra do outro, como diz Joan Garriga.


Tenho refletido muito sobre o tema relacionamento de casal e, também, sobre a arte em se relacionar.

Todo mundo cresce sonhando em encontrar o parceiro ideal, alguém que venha contribuir na vida da pessoa.

Decidi compartilhar aqui com vocês, meus queridos, algumas de minhas percepções.

E se você é a pessoa que vive se irritando com as limitações de seu/sua parceiro(a), que acha ele/ela lento(a), ou desorganizado(a), ou perfeccionista e teimoso(a) demais, ou cabeça dura, ou tem certeza de que a sua família é mais iluminado que a dele(a). 

Bora ler esse texto até o final? 

Quero que saibam que é muito comum receber em meu consultório, mulheres muito bravas com seus parceiros, ou homens com queixas de que a mulher não é carinhosa e não dá o colo que ele precisa... Muitos chegam verbalizando que não suportam mais o peso da relação.

Que o príncipe virou sapo. E a princesa virou bruxa.

E querem a separação. Como verdadeiras crianças birrentas, estão a reivindicar seus direitos. 

​​​​​​Primeiramente eu acolho, escuto, e desenvolvo um lugar de muito amor no meu coração para esse cliente. 

E percebo o que acontece.  É que essas pessoas estão presas no seu mapa de mundo, por ora programado e limitado.

E no seu corpo de dor, atuam forças circunstanciais, mostrando que existem feridas emocionais bem antigas, que foram causadas por uma vida marcada pelo trauma da escassez de afeto. 

Simplesmente não percebem de imediato, e  não entendem como é possível o parceiro ter se transformado em alguém tão diferente dos tempos de namoro. 

Então lhes pergunto: - Como era a relação conjugal de seus pais? 

A pessoa imediatamente  contorce sua expressão facial, olha para o chão... e tranca a respiração. Como alguém que segura o choro. 

Então consigo perceber que essa pessoa está emaranhada nos scripts e histórias de relacionamentos de seus antepassados.

O pranto e o luto, dos infelizes do sistema, se perpetuam e acabam se convertendo em sentimentos de orgulho e arrogância. 

Nessas feridas emocionais causadas pelo medo, pela rejeição ou pelo abandono, ninguém quer mexer. 

Se tem dor que dói é a dor do amor não vivido. Do amor não consumado. Os chamados "movimentos interrompidos", segundo Bert Hellinger. 

Os julgamentos também passam de geração para geração, vocês sabiam disso?

Então eu vou facilitando a compreensão, no que diz respeito a esse looping emocional das projeções.

Sigo mostrando que a vida toda, algumas pessoas estão sob a influencia de vários julgamentos em relação aos seus próprios pais, e as relações do próprio sistema familiar. 

É muito comum algumas pessoas não perceberem que, só a partir do relacionamento com o outro, é possível se enxergar e tratar de temas sistêmicos, chegar a um nível mais profundo de compressão de si mesmo.

É muito mais fácil ser perfeito quando se está sozinho. Ou seja, é muito mais fácil parecer perfeito se você escolheu ficar sozinho e isolado.

Não tem ninguém para deixar a toalha molhada em cima da cama. E surpreendentemente, a tampa da privada está sempre abaixada. 

Aliás, desconfio que, quem escolhe ficar sozinho está casado com uma pessoa ou causa muito maior dentro do sistema familiar. 

Sempre olho com muito amor e respeito para os solteiros que não encontram seus pares por emaranhamento. 

As vezes está no destino da pessoa viver solteira. Porque sozinho nunca estamos de fato. 

Todos aqueles defeitos que você vê no outro e está projetando no seu parceiro ou parceira, são suas próprias dores e sombras, submergindo do fundo de sua alma, como oportunidade de cura e correção. 

Existem pessoas que sem querer, querendo, se colocam acima de Deus, acima do pai e da mãe. Se colocamos acima deles. A visão fica totalmente comprometida. 

Cada vez que julgamos a relação de nossos pais como foi ou como é, repetimos o mesmo padrão disfuncional de dor e sofrimento. 

Portanto, o que de maior um filho pode tomar de seus pais é a VIDA.

Essa ordem do amor implica em que os filhos recebam a vida de seus pais e tomem como são, sem outros desejos ou medos, ou expectativas absurdas.

Deveria sempre vir acompanhado de uma postura humilde, por receber a vida e o destino como são dados através dos pais, incluindo limites impostos, destino e culpas familiares, o que se abre, ou seja, simplesmente como vem, simplesmente como pode ser, simplesmente como é.

O querer ser melhor é uma forma de se colocar arrogantemente, acima, superior.

É muito rápido para entrarmos nesta postura de arrogantes sistêmicos. 

O caminho para a solução é respeitar o que aconteceu entre os pais e antepassados, foi como foi. Não há nada que eu possa resolver. 

Então olhar para o parceiro, e dizer: - Gratidão por compartilhar de minhas dores, eu sinto muito, por unir as memórias de dor com você. Você é certo do jeito que é. 

Sobrecarregar a si mesmo com um fardo de “consertar" o que os pais fizeram na sua geração, sobrecarrega o parceiro, e traz para a relação desordens, uma espécie missão de perfeição, que está presa no passado de outras pessoas de sua família e numa visão que exclui a vida deles como foi.

Olhe para o seu parceiro ou parceira e verifica: - Wu quero que ele(a) resolva algo da minha família de origem?

Que ele(a) faça diferente dos meus pais?

Espero mais dele(a)?

Eu exijo algo que eu não vi no relacionamento dos meus pais?

Então floresça onde você está.

 

Débora Carvalho

 

 

 

 

 

 

 


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