Quando fomos concebidos, iniciamos um processo de passar de energia para matéria. Escolhemos nascer mas tínhamos consciência dos desafios que esse feito nos traria. Nossos pais foram somente uma oportunidade para efetuarmos nosso plano e, com eles, através deles e de toda a família de onde ambos vieram, recebemos tudo o que havia.
De um lugar quentinho, seguro, escuro, no ventre da nossa mãe, a maioria de nós nasceu em um ambiente hospitalar frio, cheio de luzes e de uma maneira nada respeitosa, nem conosco nem com a nossa mãe que, devido ao contexto em que vivia junto com o nosso pai, provavelmente já não estava tão tranquila e em paz como mereceria nesses nove meses de gestação.
Período que, de tão sagrado, deveria ser repensado, mais cuidado, mais respeitado e mais acolhido. Quando a nossa mãe nos deu à luz talvez tenha passado por tanto medo, pânico, dores, talvez tenha sido anestesiada, talvez tenha sido agredida física e verbalmente, afetando na base o seu emocional, o que talvez estivesse já acontecendo desde que ela soube que estava grávida de nós.
Muitos, como eu, sequer sabemos, não temos informações dessa época porque ela não gostava de relembrar o que passou. Quem sabe por medo, por vergonha, ela não tenha que ter até mesmo escondido a sua barriga, talvez tenha chorado e sofrido sozinha, sem contar para ninguém, e toda essa dor, somando com a do momento do parto, nós compartilhamos simbioticamente com ela e trazemos em nossas memórias epigenéticas.
As consequências dessas dores podem ser vistas no nosso físico, no nosso emocional, em nosso modo de viver e de ver a vida, nos nossos relacionamentos, na maneira como cuidamos ou não de nós mesmos e do nosso entorno. Reflexos desse campo de dor são sentidos uma vida inteira sem nos darmos conta que a sua origem está lá, na nossa concepção, no tempo gestacional e no modo como nascemos.
Hoje consciente da importância de saber mais desse período, estou fazendo Renascimento enquanto cliente, tomando Florais de Bach, pois ainda não posso fazer massagem reparentalizadora devido a pandemia, mas já estou ciente que somente intervenções mecanicistas não resolvem essas dores. É preciso atingir as memórias epigenéticas mais profundas e eu estou em busca disso.
Percebi através de anos de psicoterapia convencional que somente falar, desenhar, imaginar, não resolve. É preciso intervir sistemicamente, em várias frentes que toquem o coração. Sinto isso em mim. Vejo os efeitos em mim. Estou mais centrada desde que comecei a me submeter à essa técnica. Me volto com menos dificuldade, com menos temor, para minhas necessidades, para minha criança interior ferida e atendo com mais prazer aos seus anseios. Estou aprendendo a me cuidar, a me amar e não só amar o outro, cuidar do próximo.
Cuida melhor e serve melhor quem se cuida e se respeita.
Estou me reconectando com a vida através do Renascimento. Estou aprendendo a respirar conscientemente e voltando à realidade, colocando meus pés no chão. O que não tive durante o período desde a concepção até agora eu posso me dar. Sou capaz disso.
O que me foi dado, que foi a vida e o que conseguiram me dar para que eu pudesse subsistir até aqui, foi mais que suficiente. Tenho gratidão. Agora, posso fazer o melhor por mim. Cura é jornada, é processo. Estou em processo de cura. Estou renascendo em mim.
RELATO DE CONCLUSÃO DE CURSO