Apesar de ser um termo comum, “Síndrome de Estocolmo” ainda causa muita confusão na cabeça das pessoas.
Será que é possível alguém criar afeição por seu agressor? A síndrome existe mesmo? Neste artigo vamos sanar essas dúvidas e esclarecer para você o que é e como se desenvolve a famosa Síndrome de Estocolmo.
O que é a Síndrome de Estocolmo?
O que se sabe é que o termo foi cunhado pelo psiquiatra e criminologista Nils Bejerot e foi usada na mídia pela primeira vez em 1973 após um roubo a banco em Estocolmo, na Suécia.
Os assaltantes fizeram quatro reféns durante o roubo. Após a soltura dos reféns, realizada depois de seis dias de cerco ao banco, os quatro passaram a defender seus sequestradores e se recusaram a testemunhar contra eles.
Segundo os reféns, eles haviam sido bem tratados, mesmo com as ameaças e atos de violência sofridos. Os quatro ainda disseram que sentiram mais medo da polícia do que dos sequestradores.
A definição “formal” da Síndrome de Estocolmo é: a vítima de agressão, sequestro ou abuso desenvolve uma ligação sentimental ou empatia por seu aproveitador.
As pessoas que desenvolvem a síndrome costumam apresentar sintomas como:
- Confusão mental, depressão, agressão, culpa, dependência do aproveitador e distúrbio de estresse pós-traumático;
- Ansiedade, irritabilidade, impulsividade e timidez;
- Os problemas anteriores também podem gerar quadros de restrição de comida, sono e socialização.
Como surge a Síndrome de Estocolmo?
- Do ponto de vista psicológico, é argumentado que a Síndrome de Estocolmo é resultado da situação de desamparo e submissão extremados. Isso permite que os aproveitadores se passem por piedosos quando eles agem com qualquer ato
- considerado como bondade ou quando eles falham em bater, estuprar ou abusar da vítima.
- Argumenta-se que a situação extrema faz com que a vítima se apegue a esses momentos e que crie a partir deles esperança e sentimentos positivos pelo abusador.
A Síndrome de Estocolmo é real?
- Apesar de muitos casos na mídia tocarem no assunto, não há respaldo científico. Há poucas publicações sobre o assunto e pouco suporte para a Síndrome de Estocolmo como um caso psiquiátrico válido e que pode ser diagnosticado.
- Até o próprio termo Síndrome de Estocolmo é um gerador de ambiguidade, pois o termo não se encaixa bem na definição de síndrome usada e bem estabelecida pela comunidade psiquiátrica.
- A síndrome não é utilizada na literatura e nunca foi colocada no “Diagnostic and Statistical Manual” (DSM5), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria e usado e reconhecido mundialmente como um manual de referência de doenças mentais.
Conclusão
- A descrição da Síndrome de Estocolmo se encaixa em alguns casos de abuso e sequestro descritos pela mídia. Mas não é uma doença mental reconhecida e aceita pela comunidade psiquiátrica.
- No entanto, a desvalidação do termo não diminui a importância e a relevância dos quadros de sofrimento mental. A Síndrome de Estocolmo pode não existir, mas existem uma série de outras síndromes, distúrbios e doenças mentais que diminuem significativamente a saúde do paciente e afetam sua vida.
- Por isso, não podemos negligenciar nenhuma tipo de doença mental e muito menos situações de abuso que podem resultar em danos mentais muito graves e permanentes.
Artigo postado dia 17 de maio de 2019 “in sindromes” pelo Instituto de Psiquiatria Paulista no link abaixo:
Https://psiquiatriapaulista.com.br/sindrome-de-estocolmo-o-que-e/