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SOBRE A MORTE

SOBRE A MORTE
Márcia Regina Valderamos
nov. 2 - 7 min de leitura
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A morte não me preocupa. Acho que faz parte da vida. Sem ela, esse ciclo de termina, renova, recomeça, não teria sentido, não teria como atuar. Eu a considero necessária. Em alguns casos, imprescindível. Claro que para quem fica é muito triste, desesperador em determinados casos, por exemplo quando os filhos vão antes dos pais, desrespeitando a ordem natural das coisas, ou quando assistimos a quem amamos sofrer dores, limitações e humilhações sem fim por anos e anos, morrendo aos poucos, por anos e anos a fio. Toda a família morre um pouquinho junto. Isso nunca mais se recupera, a não ser com intervenções sistêmicas. Tudo tem que respeitar as leis sistêmicas para que tudo esteja sempre equilibrado. Esse respeito não temos visto hoje em dia. Vidas de humanos, de animais, de seres naturais vivos, como florestas tem sido tiradas sem respeitar a ordem, o tempo sagrado. Isso mata a humanidade. É suicídio coletivo gradual. Quem se acha acima de algo ou de alguém e o destrói antes do seu tempo de Deus de ir, está matando a humanidade. É CRIME CONTRA A HUMANIDADE! Isso é para se pensar. Morte não é ruim, não é algo a ser combatido, mas a falta de respeito pela vida em qualquer instância, o desrespeito pela ordem natural das coisas, a falta de limites dos humanos em relação a natureza e as demais espécies é o que devemos combater. Essa é a malignidade. Essa é a “morte ruim”. Somos todos um. Quando se permite, por exemplo, a pesca predatória da sardinha, sem pensar no restante do sistema, MATA-SE, ASSASSINA-SE a humanidade. Qualquer ato que não seja pensado sistemicamente pode significar morte de alguém ou de algo. Do que adianta se fazer homenagem aos mortos em um único dia do ano e no restante dele continuarmos a nos matar uns aos outros em ações cotidianas impensadas e prepotentes? Por que se tudo e todos importam? E é só isso que realmente importa: O TUDO, O TODO EM CONJUNTO!!!

Para Platão, filósofo grego (428 a.C. — 348 a.C.) pensar no próprio funeral nos lembra que morreremos um dia. Assim, passamos a valorizar cada instante e a vivê-lo intensamente, afinal, pode ser o último.  Nos lembra que morremos todos os dias o que é correto se pensarmos que vamos envelhecendo a todo segundo, que, por exemplo, nossa pele vai trocando a cada segundo e as nossas células de tudo em nós vai se renovando e se refazendo durante nosso crescimento, desde de nosso nascimento até morrermos.

Para CARL GUSTAV JUNG, o psiquiatra suíço que estudo a morte é retirada de uma forma que nos dá oportunidade de refletir e aprofundar o assunto, como o que se vê nessa entrevista da BBC a seguir:

Entrevista com Jung

Em uma entrevista sobre a morte dada à BBC em 1959, Jung fala sobre o seu ponto de vista, que acabou me inspirando. Leia abaixo trechos dessa entrevista.

P: Me lembro que você disse que a morte é psicologicamente tão importante quanto o nascimento. E como ela é parte integral da vida, mas, de verdade, não pode ser como o nascimento se é ela é um fim, pode?

Carl Jung: Sim, se ela for um fim. E ainda não estamos exatamente certos desse fim. Porque, veja, há essas faculdades peculiares da psique que não estão inteiramente confinadas ao tempo e ao espaço. Você pode ter sonhos e visões do futuro, pode enxergar além das esquinas, e essas coisas. Só os ignorantes negam esses fatos. É bem evidente que existem e que sempre existiram.

Esses fatos mostram que a psique, em partes pelo menos, não depende desses confinamentos. E então o quê? Quando a psique não está sob essa obrigação, de viver somente no tempo e no espaço, e obviamente não está. Então, até esse ponto, a psíque não está subjugada, a essas regras. E isso significa praticamente continuação da vida, uma espécie de existência física, além do tempo e do espaço.

P: Você mesmo acredita que a morte é provavelmente o fim de tudo? Ou você acredita…

Jung: Bem, não posso dizer. Veja, a palavra “acreditar” é uma coisa difícil para mim. Eu não “acredito”, tenho que ter uma razão… para certas hipóteses. Uma vez que sei algo, e então sei, não preciso acreditar. E se… eu não me permito, por exemplo, acreditar nas coisas só por acreditar. Não consigo acreditar. Mas quando há suficientes razões para certa hipótese, devo aceitar essas razões, naturalmente. Devo dizer que devemos reconhecer a possibilidade disso.

P: Bem, você nos disse que devemos considerar a morte como um objetivo.

Jung: Sim…

P:… e fugir dela é esquivar-se da vida e de seus propósitos.

Jung: Sim…

P: Que conselho você daria às pessoas, para que mais tarde na vida possam fazer isso, quando a maioria delas na verdade acredita que a morte é o fim de tudo?

Jung: Bem, veja, eu tratei muita gente idosa. É muito interessante observar o que a consciência delas está fazendo com o fato que estão aparentemente ameaçadas por um fim completo. Este fato é desconsiderado. A vida se comporta como se fosse continuar. Então acho que é melhor para as pessoas idosas continuarem vivendo, irem em frente, para o dia seguinte, como se ainda fosse viver por séculos, então viverá corretamente. Mas quando fica com medo, quando não olha adiante, olha para trás, choca-se, para, e morre antes do tempo.

Mas quando vive olhando em frente, para a grande aventura à frente, então vive, e trata-se do que o inconsciente quer fazer. Claro que é óbvio que todos iremos morrer, que é um triste ‘finale’ de tudo, mas, mesmo assim, há algo dentro de nós que não acredita nisso, aparentemente. Mas isso é somente um fato, um fato fisiológico. Não significa para mim que algo está provado. É simplesmente assim.

Por exemplo, posso não saber porque precisamos de sal, mas preferimos comer sal também, porque nos faz sentir bem. E pensando de certa maneira, você realmente se sente melhor. E se você pensar de acordo com as linhas da natureza, você pensa corretamente.

 

Publicado no site: litera.mus.br


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