É muito interessante como quando estamos estudando com a Mestra Olinda Guedes e, sem nos darmos conta, processamos sistemicamente, agindo como ela sempre nos diz que deve agir um terapeuta sistêmico: "Constelar é um estilo de vida!"
Eu concordo. Mesmo porque, para mim, agora é automático.
Hoje, por exemplo, tive uma experiência inusitada ao pegar os ingredientes para fazer o almoço aqui de casa. Percebi que havia deixado de usar as cenouras que comprei, fresquinhas, bonitas. Peguei-as pensando: “Poxa! Não posso perder nada dessas cenouras! Preciso aproveitar tudo.”
Comecei a manuseá-las e enquanto ia separando o aproveitável do que seria usado como adubo orgânico (para nada se perder, nem mesmo as cascas), pensei: “essas cenouras estão apropriadas para o consumo?”
Lembrei das aulas de Terapia de Relacionamento com a amada mestra todas às terças-feiras, onde ela sempre nos diz para nos prepararmos primeiro, conhecendo nossas feridas internas, tratando-as, cuidando das nossas patologias, nos aceitando, aprendermos a nos amar como somos, nos conhecendo e percebendo o que nossa criança interior, a nossa alma deseja nos comunicar e o que ela deseja que realizemos, para só depois nos encontremos com alguém com quem possamos nos relacionar para não nos depararmos com as nossas carências e doenças no parceiro (a) que escolhermos.
Não estou procurando um parceiro. Já tenho o meu há 33 anos, mas dei risada sozinha, quando pensei nisso enquanto cortava as cenouras: ”Será que estou à parte aproveitável ou será que estou a parte adubo orgânico aqui em casa?”
Sim, porque mesmo com tanto tempo de convivência, meu companheiro não é obrigado a ingerir o que sair “estragado” de mim. O que em mim não foi cuidado não posso oferecer a ele, contaminando-o, se penso que o amo e quero cuidar bem dele.
Tenho que tratar disso em mim, ressignificar, como estou fazendo com essas cenouras. Vou reaproveitar o que for possível. As partes mais duras eu cozinho para amolecer e as mais molinhas coloco no vapor e faço uma saladinha. Essa parte estragada e as cascas virarão adubo para as minhas plantinhas. Nas cenouras e em mim mesma!”
Assim pensando, comecei a investigar em mim o que não pode ser aproveitado na minha relação afetiva e que precisa ser utilizado de outra forma. Achei partes em mim as quais há muito tempo não visitava, não cuidava e tantas outras que nem sabia que aqui estavam!
Enquanto fazia o almoço fui rearranjando algumas coisas em mim, conversando comigo mesma internamente e me aceitando amorosamente. Do jeitinho louquinho que sou.
Assim mesmo porque assim é!
Tudo foi ficando mais leve, como a saladinha e o cozido que comemos eu e o meu amor, juntinhos, conversando, rindo, dando umas broncas gostosas um no outro, juntando tudo o que estava separado, separando para adubo o que estava inapropriado para consumo. Pronto!
Constelei!
É uma maravilha viver sistemicamente!