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AS DOENÇAS CONTRAÍDAS PELOS IMIGRANTES DURANTE A TRAVESSIA OCEÂNICA PARA O BRASIL EM 4 PARTES - 1/4

AS DOENÇAS CONTRAÍDAS PELOS IMIGRANTES  DURANTE A TRAVESSIA OCEÂNICA PARA O BRASIL EM 4 PARTES - 1/4
Márcia Regina Valderamos
mai. 14 - 5 min de leitura
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1ª PARTE

A viagem realizada pelos imigrantes europeus para a América no final do século XIX e início do XX, trata-se da experiência humana com a viagem de imigração: as condições de saúde dentro dos navios, as desconfortáveis e anti-higiênicas acomodações da terceira classe, a má alimentação, a forma de tratamento dispensado a estes passageiros pelas companhias de navegação, a convivência de um grande número de pessoas aglomeradas em alto-mar.

A travessia era cheia de situações de risco que frequentemente levavam ao adoecer. Este adoecer possuía certas especificidades e carregava em si uma série de consequências que poderiam transformar os destinos daquelas pessoas de forma individual e coletiva.

A primeira consequência era a possibilidade de uma epidemia a bordo, fato que, naquele período, e dentro daquelas circunstâncias, tornava-se quase impossível de ser controlado.

A epidemia levava consigo grande número de passageiros.

Sendo a imigração subsidiada para o Brasil um projeto familiar, a doença desestruturava famílias, que desembarcavam desfalcadas e isto significava menos força de trabalho ou até a impossibilidade de se sustentar.

A epidemia poderia até os impedir inclusive de chegar aos seus destinos, porque a presença da cólera, da peste, ou da febre amarela a bordo proibia que o navio atracasse no Porto do Rio de Janeiro, de acordo com a profilaxia internacional.

Assim, só lhes restava retornar viagem ao seu porto de embarque. Se fosse na Itália, teriam que permanecer mais um mês dentro de um navio com surto epidêmico, convivendo com mais doença, morte, dor e com o fracasso do sonho imigratório.

A travessia transoceânica proporcionava o contato direto entre populações diversas. A maior parte dos vapores que carregava imigrantes, isto é, passageiros de 3a classe, era de origem inglesa.

A companhia de navegação Royal Mail Steam Packet Company - Mala Real Inglesa - por exemplo, era uma das mais importantes e famosas que faziam a rota Europa-Brasil-Rio da Prata, levando trabalhadores da Europa para as Américas.

Analisando a sua rota, podemos perceber a quantidade de portos em que o navio tocava na Europa – Londres, Southampton, Cherburgo, Vigo, Lisboa, Madeira - até chegar ao seu destino final na América do Sul.

Só no Brasil, o navio passava por três portos até chegar a Santos: o de Recife, de Salvador e do Rio de Janeiro. Em todas estas paradas, descia e entrava gente, numa troca incessante de passageiros de todos os tipos, idades e nacionalidades, formando uma verdadeira Babel; onde o que existia em comum poderia ser apenas o desejo de desembarcar no porto final.

O medo generalizado do contágio de doenças levou os médicos a desempenharem um papel preeminente nos portos onde chegavam os imigrantes, submetendo-os a exames clínicos, a exemplo do que acontecia na Ilha de Ellis, na costa de Manhattan em Nova York.

A imigração desde sempre esteve ligada a questões relacionadas à saúde e doença. Se por um lado era entendida pelos países de recepção, principalmente o Brasil, como o trabalho civilizado em contraposição ao escravo, por outro lado era também fonte de novas moléstias vindas da Europa - como a cólera e a peste - ou o combustível para a propagação das endemias locais, como a febre amarela, para a qual dizia-se que a população estrangeira não possuía imunidade.

Quando as pessoas começaram a viajar e a realizar transações comerciais cruzando continentes, os microorganismos as acompanharam e começaram a se espalhar rapidamente entre populações, tendo os portos como portas de entrada da maioria das epidemias (Stern & Markel, 2004:1474).

Ainda que no século XIX não se conhecesse perfeitamente a etiologia das doenças, sabia-se que algumas eram transmissíveis, ligadas a aglomerações de pessoas em um mesmo local e a “maus hábitos higiênicos”.

Sabia-se ainda que em alguns lugares certas doenças eram prevalentes, como a peste bubônica na Ásia e a febre amarela no Caribe e que poderiam tomar forma de epidemias a partir da comunicação entre populações (Weindling, 1995).

Na Europa, as endemias como o sarampo e a escarlatina foram se estabilizando e ocasionalmente ocorriam nas novas gerações. A circulação de infecções entre continentes estabelece então um novo padrão de doenças, aquelas que vinham de fora, as moléstias exóticas.

Estas moléstias normalmente se alastravam do porto e das cidades para o interior dos países, gerando altas taxas de mortalidade. Assim, as epidemias são geralmente relacionadas ao deslocamento massivo de pessoas e à expansão urbana (Porter, 1999: 48, 58).

 

AS DOENÇAS CONTRAIDAS PELOS IMIGRANTES DEUROPEUS DURANTE A TRAVESSIA OCEÂNICA DELES PARA O BRASIL.

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